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EUA descartam fim da taxa cobrada por etanol

O governo dos Estados Unidos sinalizou ontem, extra-oficialmente, que até o fim do ano que vem não poderá atender ao desejo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de eliminar ou reduzir substancialmente a taxa de US$ 0,54 por galão (3,8 litros) de etanol que

importa do Brasil.

O presidente George W. Bush já foi alertado de que tal pedido lhe será feito durante sua visita a São Paulo, nos dias 8 e 9. Mas os funcionários que cuidam de sua agenda também o avisaram de que consultas feitas ao Congresso dos EUA, nos últimos dias, indicaram que será muito improvável —

“ou praticamente impossível”, como disse um deles — mexer na tarifa até 2008.

— Há um grande interesse dos parlamentares numa parceria com o Brasil sobre o etanol.

Eles, no entanto, não querem ouvir falar em tarifas por enquanto.Com o tempo esse assunto se tornará irrelevante, mas agora não há clima para isso.

Não dá para discutir uma mudança dessas por causa do momento político — disse ao GLOBO um dos funcionários envolvidos na negociação.

O motivo é a eleição de 2008 nos Estados Unidos. Deputados e senadores dos estados, em especial do Meio-Oeste, que produzem milho — matéria-prima para a produção do etanol americano — querem continuar protegendo os interesses de sua base eleitoral até novembro do ano que vem.

— A situação vai mudar.

Mas é muito, muito difícil que isso aconteça antes das eleições — disse a fonte.

Em Brasília, após reunião com o presidente Lula ontem, o presidente da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), Eduardo Pereira de Carvalho, defendeu o fim das taxas cobradas pelos Estados Unidos para importação do etanol. No encontro, Lula disse que é preciso investir em

pesquisas no setor.

— Não podemos aceitar que o comércio de etanol seja feito nos moldes do século XIX, com proteção de mercado, como acontece hoje. É muito importante que se possa discutir, nesta ocasião, quais são os passos concretos que o governo americano tem para a abertura de seus mercados —

afirmou Carvalho, em referência à reunião de Lula com o presidente Bush.

— O mercado de petróleo e de derivados de petróleo é feito em livre comércio. É importante, portanto, que o presidente possa transmitir ao presidente Bush essa nossa vontade inabalável de abertura de mercado.

Ele não soube dizer, no entanto, quanto o país poderá exportar para os Estados Unidos caso os americanos aceitem reduzir ou mesmo zerar as taxas de importação.

Estamos discutindo princípios, e não números neste momento.

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