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EUA aumentam importações de álcool combustível. Brasil é maior fornecedor

POR LAUREN ETTER THE WALL STREET JOURNAL

Com os Estados Unidos vendo o álcool combustível como uma maneira de reduzir sua dependência do petróleo estrangeiro, as importações do biocombustível estão disparando — e muitos americanos já chamam o Brasil de a Arábia Saudita do álcool.

Por enquanto não houve reações políticas. Mas tensões podem subir este ano.

A despeito de acentuadas tarifas impostas sobre a maior parte do etanol vindo do exterior, os importadores americanos estão descobrindo que conseguem concorrer com o produto local em preço. Alguns países fornecedores, especialmente o Brasil, também conseguem suprir etanol mais facilmente em alguns casos por causa de gargalos no transporte em algumas áreas dos EUA. A alta nas importações ainda não causou reações políticas, porque os estoques americanos de etanol não são suficientes para atender à demanda. Mas as tensões podem subir este ano, à medida que a produção em uma série de novas usinas americanas ameaça superar a demanda.

Nos EUA, onde o milho é usado na produção do álcool combustível, em vez da canade- açúcar, produtores do Cinturão do Milho que fornecem para as usinas de álcool já demonstram preocupação com os concorrentes brasileiros. “Por que trocar a dependência de uma fonte de energia pela dependência de outra?”, pergunta Matt Hartwig, porta-voz da Associação dos Combustíveis Renováveis, uma agremiação que representa o setor de etanol dos EUA, referindo-se ao famoso comentário do presidente George W. Bush de que seu país depende demais de petróleo importado. O comentário deu vez à atual corrida por combustíveis alternativos.

A indústria americana do etanol se beneficia de um crédito fiscal de US$ 0,13 por litro, bem como de uma tarifa de US$ 0,14 por litro cobrada da maior parte do etanol importado, inclusive do Brasil. Esses subsídios aumentam o preço do álcool combustível e não tendem a mudar, a despeito de pistas do governo americano de que não se importaria de ver a tarifa desaparecer. (Ela expira em 2009, mas pode ser prorrogada.) O aumento na importação sugere que os usuários estão contentes por basear suas compras menos em sua origem do que no seu custo e conveniência. “Tudo é uma questão de economia”, diz Gene Edwards, vice-presidente-executivo da Valero Energy Corp., do Texas, uma grande refinaria de petróleo que mistura etanol na gasolina. “Se é a cana-de-açúcar brasileira que produz o etanol, qual o problema?” Novos participantes estão entrando no mercado americano de etanol, entre eles a China, a Holanda e até mesmo o Paquistão.

Até novembro, o total de importações americanas de álcool combustível foi no ano passado de 233 mil hectolitros, mais de quatro vezes o total de 51 mil hectolitros de 2005, de acordo com a Comissão de Comércio Internacional do governo americano.

O país que mais exportou para os EUA foi o Brasil, que é um dos produtores mais eficientes do biocombustível. As exportações do Brasil subiram para 158 mil hectolitros até novembro de 2006, ante 12 mil hectolitros em todo o ano de 2005, de acordo com números da Comissão de Comércio Internacional. A Jamaica foi o segundo maior exportador para os EUA ano passado, seguida pela China. Produtores brasileiros de etanol têm aumentado a produção na Jamaica porque o Caribe não está sujeito à mesma tarifa de importação imposta sobre o produto originado no Brasil.

A demanda por etanol importado está sendo impulsionada por uma escassez nos EUA, onde o combustível ficou popular no ano passado como substituto para um outro aditivo da gasolina, o MTBE, que estava sendo eliminado gradativamente.

A demanda recebeu um outro impulso quando Bush pediu que os americanos começassem a usar combustíveis renováveis, que vão do etanol ao hidrogênio, como uma maneira de reduzir a dependência americana do petróleo estrangeiro. O Congresso então aprovou um projeto que obriga a indústria petrolífera americana a usar 2,8 milhões de hectolitros de combustíveis renováveis até 2012, a maior parte do qual deve ser de etanol.

Desde então, Bush já pediu que o Congresso aumente esse montante para 13,3 milhões de hectolitros até 2017 para cortar o consumo de gasolina em 20%.

No ano passado, 1,8 milhão de hectolitros de etanol foram produzidos nos EUA, enquanto 2,1 milhões foram consumidos, de acordo com a Associação dos Combustíveis Renováveis. As importações preencheram a diferença.

As importações do Brasil ficaram mais atraentes porque, com o aumento do preço do milho, o etanol importado consegue ficar no mesmo preço do produto americano, às vezes mais barato. O preço no atacado de 1 litro de etanol de milho nos EUA — incluindo transporte e produção — é de cerca de US$ 0,50.

Aos preços atuais da cana-de-açúcar, o etanol custa cerca de US$ 0,46 o litro, incluindo transporte do Brasil e a tarifa.

A conveniência do transporte também é um fator. Muitos dos maiores utilizadores do etanol estão no litoral, onde é mais fácil e prático comprar o produto importado do que o fabricado no interior do país.

http://www3.estado.com.br/Estado/contenidos/0000003515/0001757593_0B0188CD-BE4F-4E70-86C2-BEB9539E4E38/filename.pdf

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