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Etanol surge como protagonista no processo de descarbonização do setor automotivo

Estudo que avalia os rumos do setor, apresenta o etanol como melhor alternativa à frente dos carros elétricos

Levantamento feito pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e pela consultoria americana BCG (Boston Consulting Group), aponta que EUA, Europa e China estão mudando rapidamente o perfil de suas frotas.

Considerando o período entre 2020 e 2035, nos EUA, a participação dos carros movidos a gasolina cairá de 88% para 2%. Na Europa, o mix de 42% (gasolina) e 37% (diesel) passará para 3% e 1%, respectivamente. E, na China, a variação será de 86% para 0%, dos veículos movidos a gasolina.

Esse levantamento Anfavea/BCG faz parte de um estudo que foi apresentado em agosto intitulado “O caminho da descarbonização do setor automotivo no Brasil”.

O estudo traçou três cenários possíveis para o Brasil, que chamou de: Inercial, Convergência global e Protagonismo de biocombustíveis.

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No primeiro, como o nome diz, a presença dos elétricos avançaria de forma lenta, no ritmo que se verifica hoje, estimulado por iniciativas isoladas de empresas, entidades de fomento à tecnologia e governos regionais.

Nesse cenário, segundo o estudo, os motores a combustão continuariam dominando o mercado pelos próximos 15 anos, enquanto a eletrificação atenderia segmentos específicos.

Chegaríamos a 2035 com 67% da frota composta por automóveis flex e 32% por veículos eletrificados (híbridos, híbridos plug-in, elétricos puros). O 1% restante seria representado por modelos diesel (considerando sempre o mercado de veículos leves).

No segundo cenário, de Convergência, se criariam as condições necessárias para a virada de chave, com investimentos em toda cadeia, evolução tecnológica e adesão dos consumidores aos elétricos.

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Considerando todos os aspectos destacados no estudo, nesse cenário o Brasil poderá viver um novo ciclo de investimentos nos próximos 15 anos, com volume superior a R$ 150 bilhões, de acordo com o estudo Anfavea/BCG.

Isso permitiria que o país chegasse a 2035 com níveis de eletrificação próximos aos dos mercados mais avançados (seriam níveis comparáveis aos que a Europa terá em 2030), com os elétricos respondendo por cerca de 62% do mercado e os flex por 37%.

 Menor emissão de CO2

 No terceiro cenário, o etanol assume papel estratégico para a descarbonização, mantendo a eletrificação no nível imaginado no primeiro cenário.

A vantagem desse contexto é o fato de que, com menos investimento necessário em infraestrutura principalmente, chegaríamos a 2035 com um nível de emissões de CO2 10% menor na comparação com o segundo cenário, da Convergência global, e 15% menor, no caso do primeiro, da Inércia (considerando as emissões medidas desde a produção do combustível até o consumo, e não apenas no escapamento. E que a geração da energia elétrica consumida foi obtida por uma matriz mista, como a brasileira é atualmente, com fontes limpas, como as hidrelétricas; e sujas, como as termelétricas). E é importante lembrar que estamos falando apenas de CO2, que é o maior causador do aquecimento global.

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Pablo Di Si

Esse terceiro cenário é percebido como o mais interessante para o Brasil pela VW, que, em julho deste ano, anunciou a criação de um centro de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias baseadas no etanol e em outros biocombustíveis, como forma de integrar a estratégia mundial da marca rumo a um futuro mais sustentável.

Segundo o CEO da empresa, Pablo Di Si, o investimento necessário para a implementação dos elétricos poderia ser aplicado em áreas em que o Brasil tem maior necessidade, como saúde e educação. De acordo com o estudo da Anfavea, só para a instalação de infraestrutura de recarga seriam gastos R$ 14 bilhões (no cenário de número dois).

O grande vilão

O carro não é o causador de todo o mal. Conforme o estudo, o maior problema para diversos países está na geração de energia para uso doméstico e industrial.

No caso da China, as termelétricas respondem por 76% do total das emissões do país. No Brasil, a maior parte das emissões de CO2, 35%, vem da atividade agropecuária (flatulência do gado e tratamento do solo com estrume, fertilizantes etc.).

Desmatamento é a segunda causa, com 27% de participação. E o transporte responde por 13%, sendo que 91% do total é de origem rodoviária.

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O carro elétrico sozinho, portanto, não é a solução para todos os males ambientais e ainda precisa evoluir para que os automóveis desapareçam de vez das estatísticas de emissões. Isso porque seu processo produtivo polui. Além de outras questões que ainda precisam ser resolvidas como a produção dos motores e a destinação das baterias.

Expansão

Em recente entrevista, o presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Adalberto Maluf afirmou que até 2030 cerca de 40% dos veículos vendidos no Brasil serão híbridos e elétricos. Faz parte da ABVE membros da indústria que luta pela eletrificação da frota brasileira. A entidade tem mais de 80 sócios, estão administradores empregados na Nissan, Toyota, Porsche e Renault.

 

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