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Etanol pagará custos das usinas em 2013/14, confirma Rabobank

A safra mundial de açúcar 2013/14, que começa em outubro, terá mais uma vez excedentes e preços ainda mais baixos do que os atuais, na visão do banco holandês Rabobank. A boa notícia para o Brasil é que, diferentemente do que ocorre com alguns países concorrentes no comércio global da commodity, o câmbio tende a trazer compensações. Do lado do etanol, os preços tendem a pagar os custos, com uma margem “pequena”, no entanto, ainda longe de estimular novos investimentos.

Em evento em São Paulo, ontem, o Rabobank projetou que o preço médio do etanol hidratado, que é usado diretamente no tanque dos veículos, deve oscilar entre R$ 1,15 e R$ 1,20 por litro na safra 2013/14. Trata-se de um valor muito abaixo do necessário para estimular novos investimentos em usinas, na avaliação de Andy Duff, estrategista global de açúcar do banco holandês.

Segundo ele, o litro do biocombustível precisaria valer em torno de R$ 1,40 para justificar o investimento numa usina nova. Contudo, para que o produto fosse competitivo a esse preço, a gasolina teria de custar de 14% a 15% mais – um salto dos atuais R$ 2,70 para R$ 3,10 a R$ 3,12 por litro. “Em ano de inflação ameaçadora, é difícil imaginar que isso possa acontecer, principalmente em ano de eleição”, afirmou Duff.

Na seara do açúcar, não fosse a valorização do dólar frente ao real no Brasil, o cenário seria mais sombrio. Isso porque diante de um novo superávit global em 2013/14 – na casa dos 6 milhões de toneladas -, os preços do açúcar bruto no mercado internacional devem se situar entre 15,5 centavos e 17,5 centavos de dólar por libra-peso. Ontem, os contratos para março fecharam a 16,93 centavos na bolsa americana. Em reais, explicou Duff, as cotações estão em cerca de R$ 900 por tonelada, valor pouco abaixo da média dos últimos dez anos.

“Acredito que 2013/14 será um pouco menos rentável. A produtividade agrícola está subindo (o que gera menos custo), mas o cenário do etanol não mudou muito e o preço do açúcar, mesmo em reais, está mais baixo. O custo de logística também subiu”, analisou.

Neste ano, a queda da cotações do açúcar em Nova York representou em reais uma retração de 14% no Brasil. Na Índia, considerando o comportamento do câmbio no país, esse recuo foi de 21%, na Austrália, de 23%, e na Tailândia, 33%, segundo cálculos do Rabobank.

Quinton Hildebrand, presidente da Mackay Sugar, a segunda maior produtora de açúcar da Austrália, disse que as usinas do país estão sendo mais penalizadas com os baixos preços internacionais do açúcar. “Nosso custo está muito próximo de 17 centavos de dólar por libra-peso, com a diferença de que o câmbio não está ajudando, pois 1 dólar americano vale 90 centavos de dólar australiano”, comparou Hildebrand.

Na Tailândia, o maior competidor do Brasil no comércio global de açúcar, o Rabobank estima que a produção da commodity deve crescer 8% em 2013/14, para 11,2 milhões de toneladas. “Apesar do cenário de preços na Tailândia, o país tem um plano de crescimento de longo prazo”, afirmou Duff.

O superávit global de 6 milhões de toneladas projetado pelo banco holandês resulta de uma produção global de 182,5 milhões de toneladas e de um consumo de 174,7 milhões de toneladas. Para a região Centro-Sul do Brasil, o Rabobank projeta produção de 33 milhões de toneladas de açúcar, ante 34 milhões de toneladas do ciclo 2012/13, e 25,5 bilhões de litros de etanol, ante 21,36 bilhões de litros de 2012/13.

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