Etanol, o vencedor da Fórmula Indy
As supermáquinas que ontem atraíram cerca de 60 mil pessoas à etapa da Fórmula Indy, em São Paulo, inauguraram a primeira prova mundial 100% movida pelo etanol da cana-de-açúcar. A intenção é que o combustível renovável, que turbina a potência dos motores deixando os carros ainda mais “nervosos”, conquiste não somente os fãs do esporte, mas a opinião pública americana, principal mercado consumidor do produto nacional.
Em 31 de dezembro, expira a barreira tarifária ao etanol brasileiro e todos os esforços da indústria de álcool é para que o Congresso do país não renove a taxa que atinge US$ 0,54 por litro, mais 2,5% sobre o volume total exportado, tirando a competitividade do combustível da cana.
A Fórmula Indy, que só nos Estados Unidos tem 40 milhões de seguidores, se tornou a propaganda oficial do álcool brasileiro em 200 países. O combustível renovável também vai ser a novidade da temporada 2010 da Stock Car, principal categoria do automobilismo brasileiro.
As atenções agora se voltam para a Fórmula-1, que também já tem em teste um protótipo movido a álcool.
A competição, gigante do automobilismo mundial, é acompanhado por 520 milhões de espectadores em todo o globo segundo relatório do Grupo Fórmula-1.
Desde o ano passado, o etanol brasileiro é patrocinador oficial da Fórmula Indy, movimentando cerca de US$ 10 milhões. No entanto, o combustível que movia os motores era um misto composto pelo produto nacional e também pelo americano, derivado do milho.
“A partir de agora, toda a temporada, incluindo as 500 milhas de Indianápolis, com exceção apenas da corrida no estado de Iowa (um dos maiores produtores dos EUA), vão rodar quase que integralmente com o combustível brasileiro”, garante Adhemar Altieri, diretor de comunicação corporativa da União da Indústria da Cana de Açúcar (Unica).
MOVIMENTO. A prova de São Paulo deve movimentar próximo a R$ 120 milhões, estando entre os eventos mais lucrativos da capital paulista, junto com a parada GLBT (orgulho gay) e a Fórmula-1.
Os 21 mil litros de etanol, que em São Paulo dão fôlego extra aos motores mais rápidos do mundo, foram fornecidos pela Copersucar SA, maior comercializadora e exportadora de álcool no Brasil, composta por 36 usinas localizadas em São Paulo, Minas Gerais e Paraná.
Em Minas, forneceram combustível para a etapa de ontem, as usinas do Triângulo Mineiro, Alvorada, localizada em Araporã, Cerradão em Frutal e Uberaba, no município de mesmo nome.
“Fornecemos um etanol de altíssima qualidade e ótimo desempenho, seguindo todas as especificações da Indy Racing League. É uma oportunidade para demonstrar ao mercado externo a força e a qualidade do etanol brasileiro”, frisa a Coopersucar em nota oficial.
As 17 corridas da temporada da Indy, com carros que podem atingir a marca de 310 quilômetros são acompanhadas em 200 países do mundo.
O perfil internacional do esporte é destacado pelo representante da Unica. “Europeus, japoneses, brasileiros, todos acompanham à competição.
Queremos ligar o etanol a essa cara global da corrida. Com o etanol, que tem uma octanagem mais alta e é menos poluente que a gasolina, os motores ficam mais espertos”, diz Altieri apontando expectativas para lá de otimistas quanto ao mercado externo. “Não só esperamos que a tarifa americana caia, como estamos trabalhando firme para isso.” Esse ano, o Brasil deve produzir cerca de 27 bilhões de litros de etanol. A ideia de marcar presença no mercado americano e mundial por meio do esporte surgiu quando a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) fechou contrato para se tornar oficialmente uma das principais patrocinadoras da Fórmula Indy mundialmente.
Durante a temporada acontecem intervenções para incentivar o uso do etanol, que não se restringe apenas ao universo das corridas. “Estamos realizando diversas ações, inclusive junto ao consumidor americano, nos postos de gasolina”, aponta Alessandro Teixeira, presidente da Apex-Brasil.
