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“Etanol irá crescer na Argentina”

“Etanol irá crescer na Argentina”

País ampliará produção do biocombustível também para mistura à gasolina utilizada pelo mercado interno, destaca Sebastian Budeguer, diretor do Grupo Budeguer e também CEO do Ingenio Leales

Qual é o futuro do etanol na Argentina?
O futuro é grande, de muito crescimento. A capacidade de refino de petróleo está excedida e, sendo assim, o aumento da oferta de combustíveis para os próximos anos necessariamente tem que estar baseado nos biocombustíveis.

Qual é a produção média de etanol argentino?
De um milhão de metros cúbicos por ano. E essa oferta é consumida no mercado interno, no qual a mistura atual de etanol na gasolina é de 12%.

Quantas unidades produtoras operam atualmente na Argentina?
Doze a partir da cana e 5 ou 6 a partir de milho.

As unidades produtoras argentinas operam no limite da capacidade?
Não. Na Argentina há destilarias de cana-de-açúcar de milho. E existe capacidade ociosas entre as duas tecnologias.

O senhor avalia a possibilidade de se produzir etanol na Argentina e enviá-lo para o Brasil?
Por que não?

A unidade produtora da Ingenio Leales pretende entrar na produção de etanol a partir de milho?
Sim. Temos projeto para empregar o milho na produção de biocombustível na unidade, localizada em Tucumán. Temos também a possibilidade de empregar o melaço como matéria-prima. É uma forma de crescer a produção.

A unidade sucroenergética que o senhor dirige tem um trabalho para zerar a produção de vinhaça. Como funciona?
Fomos a primeira usina a instalar concentrador de vinhaça, com a qual empregamos vinhaça concentrada para fazer compostagem com torta de filtro, cinzas e inoculantes.
O resto da vinhaça é transportada ao campo e usada na fertirrigação.

Décio: também é importante o projeto BAR Bio, que vocês empregam no campo.
Sim. Temos inclusive pessoal de grandes grupos sucroenergéticos brasileiros interessados no BAR Bio.
Trata-se de uma tecnologia nova, nossa, patenteada na Argentina, Brasil, Estados Unidos, onde adaptamos a despontadora de uma máquina colhedora e todas as pontas se convertem em biomassa com duas finalidades: alimento animal ou se seca para ser combustível de caldeira. Não passa pelo solo.

No fim deste mês de dezembro entra em vigor o RenovaBio, que foca os biocombustíveis para reduzir emissões de poluentes nos transportes. Qual sua opinião?
Espero que o RenovaBio se converta em uma certificação internacional. Assim, poderíamos nos certificar pelo Renovabio, emitir bônus, e negociar os créditos de descarbonização na Bolsa de São Paulo.
Torçamos também para que o RenovaBio possa se converter em um padrão internacional.

Especialista em vendas e planejamento estratégico, com ampla experiência na indústria de alimentos, bebidas e comercialização agrícola, Budeguer é graduado no Seminário de Negócios da Harvard Business School.
Também estudou na Universidade Nacional de Tucumán (UNT).

Ele é diretor de vendas do grupo que leva seu sobrenome e CEO do Ingenio Leales, da Budeguer Wines, e proprietário da trading agrícola, Leyseb, todas localizadas na Argentina. Instalada em 1936 na província de Tucumán a Ingenio Leales
destaca-se também por inovações tecnológicas.

A mais recente foi o sistema BAR Bio, que substitui o cortador de pontas das colhedoras, permitindo cortar, picar e recolher as pontas da cana em um transbordo ou caixa separada.

Além disso, a usina possui ações voltadas ao meio ambiente, tais como planta de compostagem, concentração de vinhaça e melhoramento de consumo energético, além de ações de responsabilidade social junto à comunidade. Por iniciativas como essas, Sebatian Budeguer foi eleito Business Man Of the Year do MasterCana Award 2019.

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