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Etanol ganha ainda mais força em fórum sobre clima

Ele não veio no primeiro dia. E foi esperado em três horários diferentes ontem. Mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ainda assim, foi a estrela principal do Fórum de Legisladores G8+5, que reúne em Brasília 130 parlamentares dos países ricos mais cinco dos emergentes ? o próprio Brasil, África do Sul, Índia, China e México. Durante 48 minutos, sem parar um segundo sequer, Lula traçou, no Palácio do Itamaraty, um panorama das ações do País em defesa do meio ambiente, dando números da redução dos desmatamentos. E centrou fogo na defesa do etanol como alternativa de energia sustentável e renovável ao apresentar a importância dos biocombustíveis na redução das emissões de gases poluentes.

Lula deu um pito nos países ricos, em alto e bom som, dizendo que as nações pobres continuarão ainda mais sem recursos se continuarem a ser vítimas do aquecimento global. Derrubou argumentos de que a produção de etanol pelo Brasil poderia resultar em novos desmatamentos, deu detalhes da área do País de 810 milhões hectares, dos quais 220 milhões são agricultáveis, dos quais a cana-de-açúcar ocupa só 5%. Esse total inclui áreas de pastagens e algumas degradadas que poderiam ser convertidas para produção.

Lembrou que “os povos pobres também sonham em trabalhar, comer e consumir e que aos ricos cabe compensar as riquezas que ainda não usufruem, mantendo vivos biomas e florestas”. Descartou a possibilidade de se parar de produzir alimentos, para produzir cana-de-açúcar. Do seu jeito, sem muita cerimônia, Lula deu o seu recado. Segundo ele, em 1995, o País produziu 57,9 milhões de toneladas em área de 37 milhões de hectares, enquanto que, no ano passado, a produção chegou a 133 milhões de toneladas de grãos em um espaço de 46 milhões de hectares. Ressaltou que o avanço da tecnologia e da produtividade estão permitindo esse crescimento e que o Brasil ainda dispõe de muita terra, sem ser necessário derrubar uma árvore sequer da Amazônia para plantar.

Liderança brasileira ? O resultado foi imediato. Os parlamentares dos países ricos, capitaneados pelo Reino Unido, em especial o barão Michael Jay, da Câmara de Lordes, encerraram o encontro com a divulgação de dois documentos: o primeiro sobre biocombustível, reconhecendo a liderança brasileira no segmento e o etanol como combustível limpo e renovável. Pode parecer pouco, mas foi uma vitória da diplomacia brasileira e dos argumentos de Lula.

O presidente do Globe International, o inglês Hon Elliot Murley, disse que o discurso do presidente foi extremamente importante neste momento. A frustração da ausência no primeiro dia dos trabalhos, nessa que é a primeira vez que o fórum se realiza fora dos países ricos, foi superada.

O outro documento assinado pelos parlamentares do G8+5 refere-se ao manejo sustentável das florestas. Mais uma vez o Brasil desponta liderando esse projeto. Mas aí, os méritos recaem sobre a ministra Marina Silva, hoje referência global no assunto, respeitada em todo o mundo e apontada no exterior, por publicações como a sisuda The Economist, como uma das mulheres mais influentes na questão em torno do aquecimento global e do clima.

O documento que pretende alinhavar compromissos pós 2012, quando chega às metas estipuladas no Protocolo de Kyoto, não foi aprovado. As divergências se concentraram no número de reduções a partir dessa data. A China reclamou e a Alemanha achou que o documento não fora discutido suficientemente antes da sua redação. O que não frustrou Lord Jay. Ele acredita que, após esse encontro de Brasília, a reunião de Cúpula do G8+5, no Japão, já começará em outros bases. (*Enviado especial. O repórter acompanha o fórum a convite do Banco Mundial)

Diário do Comércio

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