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Etanol esbarra na legislação

Para Waldyr Paschoal Filho, coordenador técnico estadual de culturas da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater), o produtor rural quer mesmo é dinheiro no bolso. Por isso, como não há incentivos, na maioria dos casos, não vale a pena para o agricultor investir na geração de energia renovável. Para ele, a forma mais vantajosa de geração de energia para os pequenos agricultores é a produção de etanol. “A energia elétrica é cara, mas é de fácil acesso. Produzir biodiesel dá trabalho e não há incentivos econômicos e o biogás é usado pelas atividades que precisam tratar seus efluentes”, diz.

No caso do etanol, segundo ele, uma pequena destilaria comunitária poderia produzir álcool dentro de pequenos municípios onde estivessem instaladas. O problema é que a legislação não permite que agricultores de menor porte produzam etanol para vendê-lo no mercado. Juarez de Souza e Silva, professor do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa (UFV), defende uma mudança na lei para que o produtor rural possa montar cooperativas para vender álcool, como ocorre com o leite.

“Eles já podem produzir para uso próprio, mas o fazendeiro quer vender o material. Hoje, produzir 500 litros de etanol é a coisa mais fácil do mundo.” A UFV domina a tecnologia e está pronta para repassá-la. Silva conta que ele mesmo produz etanol em seu sítio, em Viçosa. Nos cálculos dele, cerca de 1 mil pequenos produtores rurais já fabricam etanol para uso próprio em Minas, o que é permitido por lei.

Apesar da dificuldade, instituições como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) trabalham com pesquisas para o desenvolvimento de energia no campo, por meio da Embrapa Agroenergia, que tem foco na desconstrução da biomassa para a produção de combustíveis líquidos, gasosos ou sólidos. “Estamos trabalhando no sentido de buscar diversificar a fonte de matéria-prima para essas cadeias. Produzir etanol a partir da cana, mas também do milho e do sorgo”, diz Manoel Souza, chefe-geral da Embrapa Agroenergia.

De acordo com ele, em Minas, a empresa vem pesquisando a geração de bioeletricidade a partir do sorgo, não com o objetivo de substituir a cana, mas como uma matéria-prima que pode ser usada na entressafra da cana.

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