O governo brasileiro e o setor privado chegam a Nova Delhi para a próxima cúpula do G20 coesos sobre a proposta ambiental do país no que se refere à descarbonização.
A comitiva leva na bagagem um plano detalhado sobre o potencial dos biocombustíveis como alternativa aos combustíveis fósseis e a experiência bem-sucedida de quatro décadas no uso do etanol.
A estratégia é apresentar aos líderes de outros países uma proposta em favor dos biocombustíveis tanto durante as reuniões oficiais de trabalho, quanto nos encontros bilaterais.
O ápice da temática acontecerá no domingo, dia 10, quando o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, os presidentes Luis Inácio Lula da Silva, Joe Biden e representantes de mais 16 nações assinam o acordo que cria a Aliança Global pelos Biocombustíveis.
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“Cerca de 3 bilhões de pessoas no mundo podem ser beneficiadas pela descarbonização de seus países com a adoção dos biocombustíveis. Para isso, é fundamental que tenhamos um trabalho de cooperação global para dar tração a essa que será uma das rotas de carbonização adotadas pelo mundo”, afirma Evandro Gussi, presidente da União da Indústria da Cana-de-açúcar e Bioenergia (UNICA).
Dados de diferentes centros de pesquisa indicam que o etanol é a alternativa mais eficiente do ponto de vista energético, mesmo ante outras fontes renováveis. No Brasil, o motor flex abastecido 100% a etanol emite de 30 a 55 gramas de CO2 por quilômetro rodado.
Nos Estados Unidos e na Europa, onde a eletrificação da frota se mostra mais adiantada, os carros elétricos emitem, em média, 70 gramas de CO2 por quilômetro rodado, considerando os lançamentos atmosféricos do poço à roda. Já na China, onde os veículos a bateria ganham cada vez mais espaço, a emissão média é de 105 gramas por quilômetro.
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“O Brasil domina a tecnologia do etanol do campo à indústria automobilística. E essa tecnologia pode ser compartilhada com outros países, de tal forma a criarmos um cinturão verde de biocombustíveis entre mais de 100 países do chamado Sul Global”, afirma Evandro.
Mas não é apenas no discurso ambiental que a proposta brasileira se baseia. Para convencer os líderes de outros países, a comitiva vai mostrar que os biocombustíveis conseguem englobar ainda o desenvolvimento econômico e social.
Pesquisas da Universidade de São Paulo (USP) mostram que a instalação de uma usina de etanol provoca um aumento de US$ 1.098 no PIB per capita do município e de US$ 475 per capita nas cidades vizinhas.