As externalidades do etanol foram destaque em um evento realizado na sede do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) na quarta-feira (28). Na ocasião, os CEOs da Volkswagen América Latina, Pablo Di Si; da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA), Evandro Gussi; do CTC, Gustavo Leite e o presidente do Conselho de Administração da Copersucar, Alvean e do CTC, Luis Roberto Pogetti, se reuniram para promover o papel do etanol como um dos principais agentes de descarbonização do planeta e como solução efetiva, pronta, acessível e disponível para a mobilidade de baixo carbono.
O novo SUV premuim da VW, o Taos, abastecido com etanol foi o destaque do encontro e estavam equipados com a ferramenta Abasteça Consciente, presente no aplicativo Meu Volkswagen, uma calculadora que informa ao usuário suas emissões de CO2 e demonstra na prática a contribuição do etanol para o clima em substituição à gasolina. Os participantes do encontro puderam ainda conhecer as tecnologias disruptivas do CTC e entender como com ganhos de expressivos de produtividade, o setor de etanol está se tornando ainda mais competitivo dentro da nova economia de baixo carbono.
Em comunicado oficial, distribuído em 12 de julho, o Grupo VW informou que definiu a América Latina como Centro de P&D voltado para o estudo de soluções tecnológicas baseadas em etanol e outros biocombustíveis para mercados emergentes.
“Poder liderar, desenvolver e exportar soluções tecnológicas a partir do uso da energia limpa dos biocombustíveis se caracteriza como uma estratégia complementar às motorizações elétrica, híbrida e à combustão a mercados emergentes, e é um reconhecimento enorme para a operação na América Latina”, detalha Pablo Di Si, presidente e CEO da Volkswagen América Latina.
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Para Evandro Gussi, CEO da UNICA, nenhum país tem uma mobilidade tão sustentável quanto o Brasil. “O etanol é um dos principais agentes de descarbonização e sustentabilidade no mundo. Hoje, o carro mais básico abastecido com etanol no Brasil é mais limpo do que qualquer carro elétrico europeu”, afirmou.
Segundo Gussi, a equação não é carro elétrico versus etanol, e sim carro elétrico mais etanol. “O processo de eletrificação traz algumas vantagens e ganhos de eficiência em relação ao motor à combustão, mas é preciso resolver o problema da geração de energia elétrica. Se a minha geração de energia elétrica não é limpa, com baixa emissão de carbono, eu não resolvi o problema. O problema é o aquecimento global, não local. Se eu tirar a emissão do carro e mantiver a emissão ou aumentá-la em uma termoelétrica, isso não resolveu o problema”, explicou.
Para Luis Roberto Pogetti, presidente do Conselho de Administração da Copersucar, Alvean e do CTC, ter essa discussão sobre a sustentabilidade do etanol no CTC é bastante apropriada. Pogetti lembrou que o CTC tem um importante papel na criação de um círculo virtuoso para o setor, indo ao encontro na busca de tecnologias disruptivas para a cadeia sucroenergética e, consequentemente, para a mobilidade sustentável.
“O CTC é líder global em ciência de cana-de- açúcar, com uma contribuição histórica para o desenvolvimento da indústria de açúcar, do etanol e da bioenergia. Entre os muitos desafios do setor sucroenergético, assegurar a oferta limpa e renovável em volumes e condições competitivas só é possível com o avanço tecnológico. E é justamente nesse sentido que o CTC vem atuando ao longo dos seus mais de 50 anos dedicados à pesquisa”, ressaltou.
Indústria da sustentabilidade
“A cana-de-açúcar é a cultura comercial com a maior produção de biomassa e capacidade de captura de carbono global. Dessa forma, a sustentabilidade do etanol começa no campo. Desde o início de nossas atividades, proporcionamos importantes ganhos de produtividade e redução de custos. A contínua introdução de novas tecnologias à da cana-de-açúcar tem contribuído de sobremaneira para transformar as usinas em indústrias da sustentabilidade.”, afirmou Gustavo Leite, CEO do CTC.
Praticamente 100% da cana-de-açúcar é utilizada, da colheita à produção de açúcar, etanol e geração de energia, até o reaproveitamento de subprodutos, que são utilizados como fertilizante e componente de ração animal.
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A cana cobre hoje quase de 10 milhões de hectares, o que representa cerca de 1% da área total plantada do Brasil. Vale ressaltar que os canaviais estão localizados em áreas a milhares de quilômetros da Floresta Amazônica.
O Brasil é o maior exportador mundial de açúcar e produz o etanol, biocombustível com a menor pegada de carbono do mundo, além de bioeletricidade, quarta fonte mais importante da matriz energética do país. A substituição da gasolina por etanol entre 2020-2035 representará a redução de 1 bilhão de toneladas de CO2, segundo cálculos da UNICA.
“Ao longo das próximas décadas, a adoção de sucessivas ondas de novas tecnologias elevará significativamente a produtividade e a produção de cana no Brasil, sem a necessidade de expansão da área plantada. Com as variedades elite do CTC e com canas geneticamente modificadas, estimamos passar das atuais 12,5 toneladas de açúcar por hectare para 18 a 20 toneladas de açúcar por hectare até 2035. Além disso, plantar cana com sementes sintéticas, onde nossas pesquisas também estão avançando bem, revolucionarão todo o setor e reduzirão drasticamente os custos operacionais e complexidade operacional do plantio”, completou o CEO do CTC.