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Etanol aproxima EUA e Brasil

A visita ao Brasil do subsecretário de Assuntos Políticos do governo americano, Nicholas Burns, na semana passada, deixou claro que os Estados Unidos desejam que o País seja um interlocutor privilegiado na América do Sul. Nesse contexto, o know-how brasileiro na produção de álcool está funcionando como uma ponte na aproximação entre os governos George W. Bush e Luiz Inácio Lula da Silva.

Além da importância diplomática, essa aliança pode significar um impulso no mercado de álcool combustível, justamente no momento em que o mundo discute alternativas à utilização do petróleo. Em março, o presidente Bush vem ao Brasil para alinhavar os primeiros lances dessa aproximação estratégica com o governo Lula. Ele já explicitou, em diversos discursos, a intenção de diminuir a dependência de seu país do petróleo.

A revista Science, uma das publicações científicas mais respeitadas do mundo, trouxe na última edição uma série de artigos sobre Sustentabilidade e Energia, na qual o álcool combustível brasileiro aparece como uma solução a ser copiada pelo planeta.

O aval científico parece alimentar a ação política, seara na qual ainda há muito o que avançar, conforme explica Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e atual presidente do Conselho do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Na avaliação dele, os governos precisam criar uma padronização para o álcool no mundo, estimular outras nações a produzir e consumir etanol e enquadrar o tema da agroenergia num novo contexto para a agricultura. A agroenergia pode transformar a relação agrícola entre os países. Isso tem de ser discutido no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), defende. Rodrigues é um dos signatários de uma iniciativa – do setor privado – que reúne empresários americanos e brasileiros numa agenda hemisférica pró-etanol.

DEMANDA CRESCENTE

Brasil e Estados Unidos são hoje os dois principais produtores de álcool do mundo – respondem por aproximadamente 70% da produção, cerca de 37 bilhões de litros por ano. Para ter uma idéia do potencial desse negócio, uma eventual redução de 5% no vício mundial por gasolina criaria uma demanda de 65 bilhões de litros de álcool combustível por ano.

Não há hoje oferta suficiente para sustentar uma demanda dessa magnitude.

Ao menos por enquanto. Há investidores de todos os lugares do planeta muito interessados em financiar projetos de energia renovável, principalmente usinas de álcool. Nos Estados Unidos, o governo pretende incentivar a produção de etanol ou qualquer biomassa nos próximos anos. Só assim terá condições de elevar a produção dos 20 bilhões de litros para 50 bilhões de litros por ano. A meta lá é substituir 20% do consumo de gasolina.

O Brasil quer acompanhar esse ritmo e tem recebido pesados investimentos para tanto.

A produção total de todas as regiões brasileiras soma atualmente 17,5 bilhões de litros por ano. A previsão da União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo (Unica) é de que o País alcance a produção de 35,7 bilhões de litros na safra 2012/2013.

MILHO

A corrida dos Estados Unidos para elevar a produção de etanol começa a criar um desequilíbrio potencial na oferta de milho – matéria-prima a partir da qual eles produzem o etanol. A questão se agrava com a perspectiva de mercado para o produto como alimento. Nesse cenário, talvez o Brasil seja, também do ponto de vista tecnológico, um grande aliado para a maior potência mundial superar o problema. Aliás, o planeta pode mirar-se no exemplo brasileiro, de produzir o etanol a partir da cana-de-açúcar.

Não por acaso, o preço da tonelada do milho nos Estados Unidos está agora em US$ 160 por tonelada. Em períodos normais de abastecimento, o preço estaria entre US$ 80 e US$ 100 por tonelada, explica André Pessoa, analista da consultoria Agroconsult. Mesmo com a disparada das cotações, o consumo de milho para etanol deve atingir 67 milhões de toneladas neste ano, 13% acima do volume processado em 2006.?

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