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Etanol anidro responde por 22,7% do preço da gasolina

A participação do álcool anidro no preço final da gasolina vendida nos postos brasileiros cresceu 318% entre abril deste ano e abril do ano passado, saltando de 7,85% na formação do preço do combustível, em abril de 2010, para 22,27% no mês passado. A variação foi provocada por um aumento de 122% no preço do anidro nas usinas, ao longo de 13 semanas consecutivas, conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Entretanto, na ultima semana, os valores começaram a ceder com a entrada da safra.

Após um mês do início oficial da colheita da cana-de-açúcar na Região Centro-Sul do Brasil, os preços do etanol começam a enfraquecer. O etanol anidro, que é misturado à gasolina, recuou na semana passada após acumular a alta de 122% a o longo de 13 semanas consecutivas. Segundo o indicador semanal do Cepea, com base no estado de São Paulo, o anidro saltou de R$ 1,22 o litro (sem impostos, a retirar na usina) na semana encerrada em 21 de janeiro, para R$ 2,72 na semana dos feriados de Tirantes e Sexta-Feira Santa, finalizada em 20 de abril.

Já na semana passada, o Indicador caiu para R$ 2,38 o litro, valor 12,6% menor que o fechamento anterior.

Segundo a pesquisadora do Cepea, Ivelise Rasera Bragato, o preço do etanol anidro chegou a esses patamares elevados por conta da baixa oferta do produto no mercado interno no período da entressafra, aliado ao maior consumo de gasolina, devido a baixa competitividade nos preços do etanol hidratado se comparado ao combustível fóssil. “O preço do anidro vem subindo bastante nesses últimos meses, principalmente em função da menor disponibilidade de cana-de-açúcar naquele momento de entressafra, e aliado a isso uma demanda bastante significativa pela gasolina, porqu e o etanol perdeu competitividade frente a gasolina, que passou a ter consumo maior. Outro fator é que o preço da gasolina já vem bastante estável desde 2005”, analisou.

A queda na última semana foi atribuída ao aumento da oferta de etanol por parte das usinas, o que levou algumas distribuidoras a comprar o necessário apenas para a demanda de curto prazo, na expectativa de novas quedas dos preços. Cálculos do Cepea mostram que o anidro, na média de abril, remunerou cerca de 24% a mais que o açúcar cristal; no comparativo com o hidratado, o anidro remunerou por volta de 65% a mais, considerando-se os valores médios de venda pelas usinas do estado de São Paulo.

Com isso, a participação do etanol anidro na gasolina chegou a 25,32% na semana do dia 17 de abril, contra os 12,92% registrados na primeira semana de janeiro deste ano. Na média do mês de abril a participação do anidro no preço da gasolina C chegou a 22,27%, contra os 16,19% obtidos em março, e os 13,46% da mé dia de fevereiro.

Mesmo com a queda, o mercado sucroalcooleiro não acredita em preços mais baixos. A expectativa é que, passado o início da safra, os preços sigam firmes. Para a pesquisadora do Cepea, os repasses ao consumidor devem acontecer, mas em ritmo lento. “No caso dos repasses ao consumidor final, eles poderão ocorrer sim, mas não na mesma proporção que aconteceu para os produtores, ou seja, se na usina houve queda de preços de 11% como aconteceu na semana passada, nos postos esse repasse não será integral, e não será rápido”, afirmou ela ao explicar que se algumas distribuidoras comprarem somente o necessário para a demanda de curto prazo, não haverá novas quedas nos preços.

Daniel Popov

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