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Etanol ainda perde participação

No Brasil, o crescimento da frota não reflete em aumento de demanda pelo etanol, que já vende menos que a gasolina nas bombas. Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), 10,9 milhões de automóveis foram licenciados no Brasil entre 2010 e 2012. Neste período, as vendas de etanol caíram 20% e as de gasolina cresceram 40%, de acordo com dados a Agência Nacional do Petróleo (ANP).

“Apesar do investimento realizado na produção de etanol, a Petrobras tem de fazer campanha publicitária para motivar o uso do combustível. É um contrassenso”, comenta Milad Kalume Neto, gerente da Jato Dynamics do Brasil, empresa de inteligência especializada na indústria automobilística. Ele explica que os brasileiros também são sensíveis aos preços e preferem a gasolina quando está mais barata ou com preço compatível ao do etanol. “Para incentivar o uso, a gasolina tem de ser mais cara que o biocombustível”, diz.

Essa solução, no entanto, não é fácil para o país. O preço da gasolina é acompanhado de perto pelo governo, por ser considerado um gatilho para a inflação. A alternativa, na visão de Neto, seria dar mais subsídios ao etanol. Outra questão complicada.

Além de promover o consumo de biocombustíveis, o Brasil caminha para melhorar a qualidade da gasolina e do diesel, tornando-os menos nocivos ao meio ambiente. “Se olharmos para o combustível que temos lá fora e o vendido por aqui, ainda há diferenças importantes na qualidade”, destaca.

A Petrobras colocou à disposição do mercado brasileiro, no primeiro dia deste ano, as gasolinas S-50, que possuem teor máximo de enxofre de 50 mg/kg – o que representa uma diminuição de 94% em relação ao teor de enxofre das gasolinas comercializadas no Brasil. No início do ano passado, a petroleira já tinha lançado uma linha de óleo diesel menos poluente.

Na área dos motores, o Brasil tem a seu favor o fato de os automóveis flex fuel responderem por 88,4% dos licenciamentos realizados, outro caso mundial de sucesso. No Brasil, os veículos flex fuel e os movidos exclusivamente a etanol têm alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) menores, quando comparados aos modelos a gasolina.

A preocupação está no aumento da participação de carros com maior potência. Em 2013, 60% dos carros fabricados no país corresponderam à faixa entre 1000 e 2000 cilindradas. “Com o aumento da renda, os brasileiros estão optando por carros mais potentes, equipados com itens como ar-condicionado. Incrementos como esses significam aumento do consumo de combustível e, consequentemente, das emissões”, diz Neto.

Segundo ele, a qualidade das unidades produzidas no Brasil ainda precisa melhorar para que os carros fabricados por aqui possam ser comparados em eficiência aos modelos vendidos nos países desenvolvidos. “O programa federal Inovar-Auto é um alento neste sentido.”

O regime automotivo prevê benefícios fiscais para as montadoras que investirem em pesquisa e oferecerem carros modernos, com maior qualidade, eficiência energética e menores preços ao mercado. “Quem aderir ao programa, terá de colocar no carro uma etiqueta do InMetro, informando o consumo de combustível e as emissões”, exemplifica.

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