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Etanol ainda carece de credibilidade no exterior

Barreiras tarifárias não são os únicos obstáculos à expansão do etanol brasileiro no mercado mundial. De acordo com especialistas do setor sucroalcooleiro, o principal inimigo do álcool combustível nacional é ele próprio. “Nosso etanol carece de um padrão de qualidade para conquistar credibilidade”, afirma o gerente de desenvolvimento estratégico do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), Jaime Singuerup. “Não podemos garantir aos importadores que o álcool combustível tem qualidade, pois ainda não há uma certificação aceita internacionalmente”.

Singuerup esclarece que, a exemplo do petróleo, o etanol precisa ter composição detalhada e passar por processos de análises químicas e estudos que garantam homogeneidade e estabilidade.

“É grande a dificuldade de negociação no mercado mundial”, afirmou Singuerup. “Os Estados Unidos exigem uma especificação diferente dos países europeus, que por sua vez é distinta da que é exigida pelo Japão”. Para garantir as vendas, os usineiros fazem um esforço tremendo de negociação com cada potencial comprador, a fim de atender aos parâmetros por eles exigidos. O problema só será solucionado quando tivermos um material de referência para o etanol, e negociarmos com os órgãos internacionais um parâmetro para produção.

Usineiros da região de Piracicaba confirmam a dificuldade. Sem conseguir atender as diferentes especificações enfrentaram sérios prejuízos, como a devolução de milhares de litros de etanol negociados com o Japão, pois o teor de água estava acima do especificado.

Há dois anos, representantes do setor sucroalcooleiro se uniram ao Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) para tentar solucionar o problema, por meio do desenvolvimento de um padrão metrológico para o álcool combustível anidro e hidratado. O projeto, realizado pelo Inmetro em parceria com a Unica, o CTC e a Secretaria da Indústria e Comércio de Piracicaba (Semic), foi divulgado para a imprensa em dezembro de 2006, com prazo de conclusão previsto para o primeiro semestre deste ano. Desde então nenhum dos órgãos envolvidos divulgou resultados, nem comenta a pesquisa.

Coleta de amostras

O estudo consiste na coleta de amostras fornecidas pelas usinas para desenvolvimento de um material de referência certificado para o álcool combustível, a partir da análise de sete critérios específicos: ph, condutividade eletrolítica, massa específica, teor de água, teor alcoólico, acidez e cobre. De acordo com o professor do Centro de Tecnologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Sérgio Corrêa, a demora na conclusão da pesquisa provavelmente é resultado da falta de padrão das próprias amostras.

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