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Estudo projeta queda nos preços agrícolas

A produção vai crescer mais rápido do que o consumo de produtos agrícolas nos próximos dez anos. O descompasso deve levar à queda no preço dos produtos, informou ontem relatório da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Segundo o relatório, a taxa anual de crescimento da produção da maioria das commodities agrícolas será superior ao crescimento do consumo. No caso do trigo, por exemplo, a produção deve crescer anualmente 1,8%, enquanto a alta do consumo mundial será de 1,2% ao ano.

Os preços dos produtos subirão, diz o relatório, mas, quando descontados os efeitos da inflação esperada no período, o resultado será uma perda do poder de compra dos itens produzidos.

Na prática, isso significa que um produtor de trigo, por exemplo, precisará produzir mais para conseguir, com o dinheiro obtido, comprar os mesmos bens e serviços que adquire hoje. Para um país que depende muito das vendas externas desses produtos, o resultado é uma perda no poder de compra das exportações.

O agronegócio respondeu por 41,5% (R$ 14,1 bilhões) das exportações brasileiras nos primeiros cinco meses deste ano.

As maiores taxas de crescimento (do consumo e da produção) devem ocorrer principalmente nos países que não fazem parte da própria OCDE. A organização é formada por 30 países e agrega a maior parte das grandes economias do mundo -Brasil, China e Índia não fazem parte do grupo.

Isso ocorrerá, principalmente, por dois motivos: porque as taxas de crescimento populacional são maiores nos países que não fazem parte da OCDE e porque as necessidades básicas de consumo de alimentos estão quase plenamente satisfeitas nos países ricos.

O resultado: os países da OCDE perderão participação tanto na produção quanto no consumo mundial de alimentos. Eles são responsáveis, por exemplo, por 33% do consumo e 44% da produção mundial de trigo, participações que, nos próximos dez anos, cairão para 31% e 42%, respectivamente. A tendência é a mesma para 14 dos 15 produtos pesquisados. A única exceção é a produção e o consumo de arroz, nos quais o grupo já tem participação pequena, de 4%.

O relatório alerta que projeções para dez anos embutem riscos. A OCDE assume que as condições climáticas se repetirão neste período, que não haverá mudanças drásticas nas políticas agrícolas e que o mundo continuará a trajetória de crescimento atual.

Segundo o relatório, a alta estimada do consumo é maior do que o crescimento da população. Isso sugere que há potencial para a redução da fome e da subnutrição.

Críticas

A OCDE fez coro com os demais organismos multilaterais, como a OMC (Organização Mundial do Comércio), o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial, e criticou os subsídios agrícolas concedidos pelos países ricos aos seus produtores.

Segundo o relatório divulgado ontem, os subsídios e os mecanismos de proteção do mercado interno distorcem o comércio internacional e impõe custos altos às populações dos países ricos, que pagam preços maiores do que os praticados no mercado internacional.

No ano passado, os produtores da OCDE receberam cerca de US$ 408 bilhões em subsídios. A avaliação é que os subsídios precisam ser reduzidos e as políticas agrícolas européia, norte-americana e japonesa, reformadas.

“Os países-membros [da OCDE] precisam progredir mais”, disse Loek Boonekamp, diretor da Divisão de Mercados Agrícolas da organização.

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