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Estrangeiros avançam em açúcar

O fundo Evergreen, criado por investidores ingleses para apostar em açúcar e álcool no Brasil, planeja realizar um aporte de R$ 170 milhões em uma nova usina no país. A Evergreen desembarcou no segmento sucroalcooleiro brasileiro em novembro do ano passado, depois de adquirir uma participação majoritária na usina Alcana, localizada em Nanuque (MG).

“Estamos analisando outros ativos no Brasil para aumentar nossa participação no segmento”, afirmou Ricardo Moura, diretor do fundo no Brasil, ao Valor. O fundo pretende adquirir pelo menos uma nova usina e também construir uma unidade, mas ainda não definiu a localização.

Os investimentos da Evergreen reforçam a tendência de crescimento da participação estrangeira na área. Atualmente, há cinco grupos internacionais com investimentos diretos no país – Louis Dreyfus, Tereos, Adeco Agropecuária, Evergreen e Kidd & Company, que negocia a compra da Coopernavi, de Mato Grosso do Sul (ver quadro ao lado). Juntos, eles detêm 4,5% da produção da cana da região Centro-Sul do país, ou cerca de 15 milhões de toneladas de 336 milhões de toneladas na safra 2005/06.

Só para comparar, a Cosan, maior empresa de açúcar e álcool do Brasil, com 16 usinas, tem uma fatia de 8,7%, ou 28,5 milhões de toneladas, da produção de cana no Centro-Sul. O próprio grupo, que abriu capital no fim de 2005, tem estrangeiros em sua composição acionária.

Do total do capital da empresa, 58,4% estão nas mãos do empresário Rubens Ometto de Silveira Mello, presidente do grupo. Outros 12,1% estão divididos entre os grupos franceses Tereos (6,3%) e Sucden (1,7%) e a chinesa Kuok (4,1%). Os outros 29,5% estão diluídos em ações no mercado – deste total, 91% está nas mãos de investidores estrangeiros e outros 9% com nacionais.

Apesar de ser um movimento recente, a participação de grupos estrangeiros no país é considerada significativa, uma vez que o setor é pulverizado e tem cerca de 320 usinas de açúcar e álcool no país, lembrou Júlio Maria Martins Borges, presidente da Job Economia e Planejamento.

O movimento de fusões e aquisições no setor começou a ganhar impulso a partir de 2000. Levantamento da consultoria KPMG mostra que houve 37 negócios envolvendo fusões e aquisições entre 2000 e 2005. Os dados não consideram as aquisições da Açucareira Corona e da usina Mundial, feitas pelo Cosan também em 2005.

Nos últimos cinco anos, os investimentos em fusões e aquisições estão estimados, em valores de hoje, em US$ 3 bilhões, dos quais US$ 1 bilhão envolvendo estrangeiros. Para Martins Borges, os grupos estrangeiros instalados no país devem dobrar sua participação nos próximos cinco anos. “Esta é uma estimativa conservadora”.

A entrada de capital estrangeiro no país começou justamente em 2000. Os primeiros grupos a aportarem foram o Louis Dreyfus, controlador da Coinbra, em 2000, com a compra da usina Cresciumal, em Leme (SP), e Tereos (ex-Béghin-Say), em 2001, com a aquisição da Açúcar Guarani, com duas unidades produtoras em São Paulo. O Louis Dreyfus continuou com o seu processo de expansão e hoje detém três usinas. O grupo Tereos anunciou recentemente investimento da ordem de US$ 100 milhões em sua terceira usina no país.

“Os grupos europeus [Tereos e Dreyfus] voltaram sua atenção para o Brasil por conta da reforma açucareira do bloco e os baixos custos de produção no país”, lembrou Martins Borges. Os atuais investidores, como os fundos Kidd & Company e Evergreen, além da Adeco, prospectam o açúcar e álcool como oportunidade rentável de negócio.

O avanço de grupos estrangeiros no país deverá continuar intensa. Analistas de mercado dão como certa a entrada da Cargill e da Bunge, dois gigantes dos grãos, na produção de açúcar e álcool do país. No ano passado, a Cargill anunciou que estava negociando a compra da Açucareira Corona, com duas usinas no país. Mas as negociações fracassaram e a usina passou a ser controlada pelo grupo Cosan. O maior produtor de açúcar do mundo, a alemã Südzucker, também tem interesse de adquirir usinas no mercado brasileiro.

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