Mercado

Estoque nacional de açúcar ditará preço

Os estoques brasileiros de açúcar terão importância crucial na formação dos preços internacionais da commodity a partir de outubro. Cláudio Piquet Pessôa, diretor da suíça Glencore no Brasil, aposta na redução dos estoques mundiais de 9,8 milhões de toneladas, em outubro do ano passado, para 3,6 milhões de toneladas no mesmo mês de 2004.

“O Brasil deterá no período 1 milhão de toneladas de estoque. Se os produtores brasileiros resistirem ao ímpeto de comercializar agora terão sucesso”, avalia Cláudio Pessôa. De acordo com a previsão da empresa, grandes consumidores como Índia, Estados Unidos e México estarão com estoques zerados.

A principal causa para isso é a quebra na produção de cana-de-açúcar na Ásia, especialmente na Índia, que deve passar de exportador a importador este ano. A falta de financiamentos à cultura desestimula os produtores locais, devendo provocar uma queda na produção de 5 milhões de toneladas, para 15 milhões de toneladas. Os embarques devem passar de 1,8 milhões para 300 mil toneladas este ano.

“A Índia só deve se recuperar em dois anos, devendo o país voltar a importar ainda este ano”, aposta Cláudio Pessôa.

Para a China, que produziu 10,5 milhões de toneladas na safra 2002/03, o executivo estima uma redução de 1 milhão de toneladas na produção, em função dos baixos preços, estoques altos e redução da área de plantio. Pessôa calcula estoques de passagem 50% menores para a safra 2004/05, para 800 mil toneladas. “A dúvida é se a China vai aumentar o consumo per capita em 10% como em 2003, ou se vai voltar ao crescimento médio de 2% ao ano”, avalia o especialista.

Para a produção brasileira, o Instituto de Desenvolvimento Agroindustrial (Idea), de Ribeirão Preto, prevê um crescimento de 9,9% na produção de cana-de-açúcar na safra 2004/05, para 349,5 milhões de toneladas. “A produtividade, no entanto, será menor que a média dos últimos anos devido à falta de chuvas e às temperaturas mais baixas que no verão passado”, explica o diretor da Idea, Ricardo Soares Pinto. Ele lembra que a cana está mais curta que o esperado, o que gera atraso no plantio, que deveria ter começado em fevereiro.

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