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Estiagem já prejudica a produção de cana

A atípica estiagem na primeira quinzena do mês de maio em Pernambuco já comprometeu em cerca de 30% a próxima safra de cana-de-açúcar de municípios como Buenos Aires, Nazaré da Mata, Aliança, Vicência e Tracunhaém e Itaquitinga, todos localizados na Mata Norte do Estado. A média de precipitação no período para a região ficou 70% abaixo do valor esperado para o mês – que gira em torno de 250 milímetros –, segundo levantamento do Laboratório de Meteorologia do Estado (Lamepe-Itep). Trata-se de uma situação denominada de estresse hídrico.

Atualmente, a produção de cana-de-açúcar de Pernambuco está na sua fase de entressafra. Para se desenvolver, as mudas precisam de alternância entre períodos de chuvas e de sol. “Com a falta de umidade, o que já foi plantado não está se desenvolvendo”, revela o presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), Alexandre Andrade Lima.

A situação é preocupante, uma vez que existe previsão de que o preço da tonelada de cana fique abaixo do que foi registrado no ano passado durante a safra. “Em 2009, uma série de intempéries climáticas que atingiram a Índia, um forte produtor de açúcar, reduziu a oferta e valorizou o produto no mercado. A tonelada de cana chegou a ser vendida por R$ 70. Como neste ano a oferta já está equilibrada, os preços devem cair para um patamar de R$ 55 ou R$ 50 a tonelada. O resultado é que os produtores pernambucanos terão uma safra pequena a ser vendida por um preço baixo”.

A safra pernambucana no ano passado foi de 17,9 milhões de toneladas. “Dificilmente vamos atingir esse valor nesse ano”, afirma o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha. Segundo ele, o consumidor local não sentirá alterações no preço dos derivados da cana em função da estiagem porque a produção no Estado só representa 3% da nacional. “A cadeia logística do País deve suprir a carência no início da moagem em agosto”.

Para a coordenadora do Lamepe-Itep, Francis Lacerda, o fenômeno El Niño no Oceano Pacífico e a atual situação na zona de convergência dos ventos alísios do Oceano Atlântico definiram o baixo nível de precipitação em maio, quando habitualmente o Nordeste já está no período de chuvas. “Para junho, julho e agosto, as precipitações devem apresentar alta variabilidade temporal e espacial. O quadro é muito irregular”.

O comportamento das precipitações para os próximos meses será tema de encontro técnico entre os representantes da AFCP e do Lamepe-Itep no Engenho Angico, no município de Itambé, na próxima quarta-feira, das 8h30 às 12h.

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