Mercado

Estados querem produzir e exportar mais álcool

Os estados brasileiros produtores de álcool etanol dão a largada hoje, em Curitiba, em uma grande ofensiva destinada a aumentar a produção e a exportação para o Japão, China e Coréia do Sul. Governadores e representantes de 19 estados vão assinar o protocolo que institui a Coalizão Pró-Etanol, e escolher o governador que a representará oficialmente nas negociações, durante reunião a ser realizada a partir das 14h30 no Museu Oscar Niemeyer. A aliança pretende trabalhar para construir uma política de incentivo à exportação do álcool, buscando, inclusive, negociar a redução de barreiras tarifárias.

Os 19 estados esperados para assinar o protocolo são Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, São Paulo, Sergipe e Paraná.

A idéia do pacto surgiu no Paraná, quando representantes da Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do Estado do Paraná (Alcopar) procuraram o governador Roberto Requião, no último mês de julho, pedindo a adoção de uma política de incentivo à exportação de álcool.

Os empresários afirmam que não querem incentivo fiscal, mas precisam do apoio do governo federal para viabilizar os contratos de exportação e derrubar as barreiras impostas pelos países concorrentes.

O Brasil tem 5 milhões de hectares plantados com cana-de-açúcar. O maior produtor é São Paulo, que tem 60% da produção nacional. O Paraná é o segundo, com 12% da produção. A intenção dos produtores paranaenses é passar dos 330 mil hectares atuais para 470 mil nas próximas safras, gerando mais empregos e receita.

A previsão da Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do Estado do Paraná (Alcopar) é de ocupar áreas com terrenos que não sejam adequados para outras culturas e gerar mais 35 mil empregos. “O governo não gasta nada com isso. A iniciativa privada faz tudo. É só o governo abrir a porta lá fora”, argumenta José Adriano da Silva Dias, superintendente da Alcopar, que vai participar do encontro com os governadores.

Área maior

A safra 2003/2004 na Região Noroeste do estado ocupou uma área de plantio de 225 mil hectares. A Alcopar prevê a produção de 1,2 milhão de toneladas de açúcar e de 840,6 milhões de litros de álcool. No Paraná, a expectativa é de que a safra alcance 1,6 milhão de toneladas de açúcar e de 1,1 bilhão de litros de álcool em 320 mil hectares plantados.

Os produtores da Região Noroeste estão dispostos a aumentar a produção para participar da coalizão. Porém, a expectativa é de que a situação não mude rapidamente.

“O mercado de exportação está sendo construído. É um objetivo a longo prazo”, acentua Élcio Rabasi, presidente da Cooperativa Agrícola de Produtores de Cana do Vale do Ivaí (Coperval), em Jandaia do Sul.

A produção da Coperval é de 10 mil hectares, com 60 mil toneladas de açúcar e 30 milhões de litros de álcool.

O álcool como alternativa de combustível é visto como estratégico pelo professor do Departamento de Agronomia da Universidade Estadual de Maringá, José Ozinaldo Alves de Sena.

“É importante em termos econômicos, sociais e tecnológicos e também para não dependermos de energias não-renováveis, como o petróleo”, diz.

Para o professor, o lado social deve merecer especial atenção. “Deve-se imprimir a direção correta e sustentabilidade para não reduzir as pequenas propriedades, causando o êxodo rural”, aponta, ao considerar que um pequeno produtor rural possa se tornar um empregado de uma usina de açúcar.

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