Espírito Santo atrai investimentos
A boa demanda por açúcar e álcool nos mercados interno e externo está
estimulando a produção de cana-de-açúcar em regiões com pouca tradição
no país. O Estado do Espírito Santo, mais conhecido por sua produção de café robusta, poderá incrementar sua produção de cana, estimulado pelos bons preços da commodity. A Infinity Bio-Energy, companhia que incorporou o fundo Evergreen, anunciou investimentos no Estado.
Em junho, a companhia comprou a usina Cridasa, em Pedro Canário, e vai
construir uma nova unidade na cidade de Montanha para entrar em operação nos próximos dois anos, afirmou Sérgio Thompson-Flores, CEO da Infinity )(veja nota na página 14). A produção da matéria-prima no
Estado ainda é muito pequena, se comparada com grandes regiões produtoras do país. Na safra 2005/06, o Estado colheu 3,849 milhões de
toneladas de cana, praticamente os mesmos volumes da safra anterior, a
2004/05, de 3,9 milhões de toneladas, segundo levantamento da União da
Agroindústria Canavieira de São Paulo(Unica). Se comparada com a safra
2001/02, o crescimento da produção de cana no Estado foi de 91,5%.
O Estado conta hoje com seis usinas sucroalcooleiras, todas de
pequeno porte. A produção de açúcar atingiu 48,26 mil toneladas em
2005/06, 13,8% a menos que o ciclo 2004/05. A oferta de álcool ficou em 178,4 milhões de litros na safra passada, 13,7% a mais que 2004/05. Os volumes, tanto de açúcar como de álcool, representam muito pouco do volume nacional. No caso do açúcar, o país produz cerca de 25 milhões de toneladas e 16 bilhões de litro de álcool.
Segundo Marcelo Andrade, diretor da Ecoflex, há interesse de grupos
sucroalcooleiros de investir em usinas do Estado. No entanto, até o momento nenhuma negociação foi fechada. Andrade acredita que o Estado tem um grande potencial para avançar em cana-de-açúcar. Além disso, o porto de Vitória é considerado estratégico para o escoamento da produção de açúcar e álcool produzido no Centro-Sul do país.
O porto é uma alternativa a Santos (SP) e Paranaguá (PR). Empresas de logística já anunciaram interesse em investir no porto de Vitória, visando o escoamento da produção sucroalcooleira. Empresas como a Companhia Vale do Rio Doce demonstraram interesse em investir em
infra-estrutura logística.
Terras mais baratas
As terras mais baratas no Estado por conta da baixa tradição neste
setor podem atrair investidores interessados em expandir seus negócios em açúcar e álcool. No Rio de Janeiro, sobretudo no norte
fluminense, um movimento parecido começou há pelo menos dois anos. O
Rio, que também tem pouca tradição no setor sucroalcooleiro, está
estimulando a produção de cana. O Estado tem um mercado doméstico
para açúcar e álcool atraente, o que estimula os investimentos neste setor. Segundo dados da Secretaria da Agricultura do Estado do Espírito Santo, a cana-de-açúcar responde por quase 5% do agronegócio do Espírito Santo. O Estado é produtor de cereais, olerícolas, café, frutas e leite. Em café, com forte tradição no Estado, parte dos os produtores reduziu sua área plantada por conta dos baixos preços do grão nos últimos anos. O setor sucroalcooleiro do Estado é formado por seis usinas, das quais cinco delas foram as construídas a partir de 1979, estimuladas pelo programa Proálcool. A usina mais antiga do Estado é a Paineiras, inaugurada em 1942, na cidade de Itapemirim. O segmento sucroalcooleiro movimenta por ano cerca de R$ 300 milhões na economia local e cerca de 10 mil empregos diretos. A produção de cana deve aumentar no médio prazo. As usinas capixabas planejam ampliar de 60 mil hectares para 100 mil hectares a área de cana plantada no Estado, segundo a Secretaria de Agricultura do Estado. Algumas unidades também já estudam incrementar as suas capacidades industriais instaladas.