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Escada pronta para crescer

Desde que foram anunciados os grandes investimentos do Complexo Portuário e Industrial de Suape, o município de Escada vem comemorando o prenúncio de dias melhores. Localizado a 30 quilômetros do porto, na Mata Sul de Pernambuco, Escada faz parte do Território Estratégico de Suape, ao lado de Jaboatão, Ribeirão, Sirinhaém e Moreno. Mas para pegar carona no desenvolvimento previsto para a região nos próximos anos, a cidade ainda precisa enterrar a assombração de um antigo fantasma: a dependência econômica para com o setor sucroalcooleiro, que experimenta franca decadência na zona rural.

Segundo João Recena, que comanda elaboração do plano diretor de Suape há nove m! eses, pela Projetec, a localização do município é estratégica dentro do que se pensa como ideal para o desenvolvimento do Território Estratégico de Suape. “A intenção é que não aconteça com o Porto de Suape, o que aconteceu com o Porto do Recife, que ficou sufocado pelas construções feitas no seu entorno ao longo dos anos. Por causa disso, o que se planeja é que o desenvolvimento de Suape seja descentralizado e Escada poderá assumir um papel importante nessa tarefa, pois logisticamente está bem posicionado. E estará mais ainda quando a Transnordestina encontrar-se com a BR-101”, avalia Recena.

Para ele, a engrenagem de Escada passa pela descoberta de sua vocação industrial. “Se o município tem distrito industrial pequeno, pode optar por receber empresas de porte pequeno, mas com produção de alto valor agregado”.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico de Escada, Fernando Clímaco, a previsão é que, até o final do ano, pelo menos mais quatro empresas sejam in! staladas em Escada. As indústrias são a Alphatec, que atua nas áreas de produção, montagem e manutenção de fábricas, a Plastspuma, de colchões, a Ghel Plus, de materiais de inox, e a MCM, de montagem industrial. Ao todo, as empresas somarão investimento de R$ 31 milhões e gerarão cerca de 1.600 empregos diretos. Nos próximos cinco anos, a previsão é que mais 10 indústrias aportem em Escada, ajudando a alavancar o Produto Interno Bruto (PIB) do município, hoje o 23º do Estado. “Se em Ipojuca e no Cabo há visitação diária de indústrias que buscam se estabelecer nas áreas dos municípios, em Escada essa procura é semanal”, conta o secretário, que já vislumbra necessidade de abertura de novo distrito industrial.

Em 2006, segundo dados da agência Condepe-Fidem, o PIB de Escada é 73% representado pelo setor de serviços, 18% pela atividade industrial e apenas 7,3 % pela agropecuária.

Na ponta da pirâmide econômica, o comércio é um termômetro para se medir a expectativa da popul! ação local com os novos investimentos. Na loja O Escadão, de material de construção, a gerente Paula Adriana de Almeida se antecipa ao momento de pico nas obras da Refinaria Abreu e Lima, quando a previsão é de que sejam gerados cerca de 20.000 empregos diretos. “Levantamos cinco andares de terra no fundo da loja, porque o terreno é acidentado. Investimos cerca de R$ 150 mil nas reformas porque acreditamos que a situação vai melhorar com a Refinaria”, conta. Até agora, a Refinaria Abreu e Lima está com apenas 15% das obras concluídas.

Já na filial autorizada da Honda, há nove anos estabelecida em Escada, o número de funcionários aumentou de sete para 11 nos últimos dois anos. “Dividimos de maneira mais equilibrada as funções para atender melhor aos novos clientes”, conta a subgerente Maria J.Souza, que já calcula aumento de cerca de 50% no volume de vendas da loja.

Mas o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Escada, Reginaldo Melo, considera que as obras n! a Refinaria não serão suficientes para alavancar o município, se não houver sensível aumento no número de empresas instaladas no Distrito Industrial de Escada, que possui 171 hectares e hoje conta apenas com 60% de ocupação. “Só a atração de mais indústrias é capaz de gerar emprego permanente para os moradores que hoje estão ociosos”, avalia.

Do início dos anos 80 para cá, o setor comercial do centro do município amarga queda na movimentação devido à falência das quatro usinas que se acomodavam nos seus arredores. Por causa disso, alguns comerciantes do centro sobrevivem a duras penas no período de entressafra da cana-de-açúcar, de março a setembro.

Somada a suspensão das obras de duplicação da BR-101 nos meses de chuva, a situação é particularmente pior no meio do ano. “Os lojistas precisam de uma garantia de fluxo de clientes para o ano todo. Os engenhos não garantem. A população fica sem emprego, não consome”, avalia presidente da CDL, Reginaldo Melo. Segundo ! ele, mesmo nos períodos de safra, os cerca de 120 pequenos engenhos da zona rural de Escada não são suficientes para incrementar a demanda de consumo.

“Quando começar a colheita e os trabalhadores da BR voltarem, estamos esperando aumento de 50% na movimentação. Atualmente o fluxo de clientes está fraco”, conta Jerameel Flávio Pereira, dono da Gera Moda, de vestuário.

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