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Erro na escolha do tipo de cana aumenta custos

Na corrida pela expansão da cana-de-açúcar, muitos investidores não se preocuparam com as diferenças climáticas e de solo das novas fronteiras agrícolas. Sem alternativa de mudas, eles usaram a mesma variedade de cana plantada na região de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Agora descobriram que essas mudas não são tão resistentes a pragas e adequadas para o novo ambiente.

Além da quebra de safra frequente, a cana não tem o mesmo teor de açúcar verificado nos tradicionais canaviais de São Paulo. “As empresas terão de buscar um novo processo de desenvolvimento de variedades voltadas para as condições de cada região”, afirma o diretor técnico da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues. Mesmo nas novas fronteiras de São Paulo, as variedades se mostraram aquém do esperado.

Segundo especialistas, esse problema tem sido um dos fatores de pressão para o aumento dos custos de produção da cana. “Houve uma euforia muito grande em relação ao potencial do etanol e da energia elétrica (produzida com o bagaço). Todos queriam entrar no setor”, afirma o presidente da Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-sul do Brasil (Orplana), Ismael Perina.

Ele explica que, antes da crise de 2008, havia muito dinheiro no mercado para desenvolver novos projetos. Isso acelerou a expansão. “Mas fizeram muita loucura. Pegaram qualquer terra sem ver se era boa ou ruim. Agora tem os acertos de conta para fazer.” Além disso, destaca Perina, as novas áreas, especialmente do Centro-Oeste, têm problemas ligados a logística. Ou seja, os custos são maiores.

Fertilizantes. Com mudas inadequadas ao novo ambiente, essas empresas ajudaram a puxar para cima outro item que compõe o custo de produção da cana-de-açúcar: os fertilizantes. “Como eles compram mais, o preço sobe e aí todo o setor é afetado”, destaca o presidente da Orplana. Mas, segundo os representantes do setor, as companhias já estão estudando variedades para essas novas fronteiras.

Para completar o quadro negativo, as condições climáticas não têm contribuído para a redução dos custos. Com a quebra de safra deste ano, a tendência é que os custos aumentem ainda mais. O custo do açúcar, por exemplo, deve subir 20% este ano.

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