Mercado

Equilíbrio na oferta vai demorar

O consumidor brasileiro vai continuar pagando caro pelo álcool nos próximos dois anos, já que para regular a oferta é preciso haver retomada dos investimentos na produção, o que demanda tempo equivalente a uma ou duas safras agrícolas. Para lidar com a questão a curto prazo, especialistas acreditam que o governo poderia já trabalhar com patamares abaixo dos 18% previstos pela Medida Provisória 532.

Para Luiz Carlos Guerra, especialista em petróleo e derivados da Fundação Getulio Vargas (FGV/IBS), o etanol sofreu pressões impulsionada pelo crescimento da frota flex e a maior demanda mundial por açúcar. “Imagino que para regular a oferta sejam necessárias pelo menos de um a dois anos. A retomada dos investimentos na produção também depende de fatores como a taxa de juros.” O especialista considera importante a formação de estoques, mas lembra que este processo deve ser lento para não pressionar os preços. Uma opção imediata seria a redução do percentual da mistura de anidro à gasolina. “Este percentual poderia chegar a 15%’, comenta.

O setor sucroalcooleiro reagiu a medida e já planeja mobilização no Congresso Nacional. “É preciso clarear alguns pontos da MP como o controle sobre as exportações. Concordamos com o controle, mas não com a intervenção”, ressaltou Luiz Custódio Martins, presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Minas Gerais. Segundo ele, o setor também vai sugerir que sejam formados estoques pela distribuição. Na avaliação do Centro Brasileiro de Infraestrutura o Brasil deve continuar tendo de importar etanol nos próximos dois anos.

Júlio Maria Borges, diretor da Job Economia e Planejamento, consultoria especializada no setor, diz que a MP deve servir para evitar que o governo tenha surpresas ruins. O controle sobre a produção possibilita que a luz de alerta seja acesa c om antecedência para a tomada de medidas, ao contrário do que ocorreu este ano. “A alta de preços tem haver com a falta de informação do governo que acreditou que não haveria desabastecimento.”

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