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Entenda porquê os custos de produção da cana subiram 39% e o valor do ATR pelo Consecana aumentou só 19%

Os custos de produção da cana-de-açúcar subiram 39% nas últimos cinco safras na região de Guariba, no interior paulista. Já os custos com Corte, Carregamento e Transporte (CCT), cobrados por alguns grupos, aumentaram 32% no mesmo período.

De outro lado, o valor do ATR pelo Consecana registrou aumento de apenas 19% no mesmo período, enquanto o valor da tonelada de cana, considerando a qualidade (kg de ATR por tonelada) avançou apenas 16% nas últimas cinco safras.

As informações são da Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Guariba (Socicana) e da Cooperativa Agroindustrial Coplana destacadas no informativo Produtor, publicado pelas entidades.

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Conforme as entidades, a alta de 39% nos custos operacionais efetivos, somados aos 32% dos custos com CCT cobrados por alguns grupos, explicam os problemas da rentabilidade na cana.

No informativo, a Socicana e a Coplana destacam informações de estudo da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) que estimam em 34% a alta dos custos de produção em outras regiões canavieiras.

Implantação de canavial 28% mais caro

No mesmo informativo, as entidades de Guariba e região divulgam outra informação que aflige os produtores de cana. Trata-se de dados do Pecege (Esalq/USP) para quem os custos de implantação de canavial no Centro-Sul
aumentaram 28% nas últimas dez safras.

Na safra 2017/2018, a implantação de canavial chegou a R$ 7.121,00 por hectare, na região de Guariba. Neste
montante estão inclusos todos os dispêndios acerca dos estágios de preparo de solo, plantio (incluindo muda) e tratos culturais da cana-planta.

Defasagem do preço da matéria-prima

Segundo a Socicana e a Coplana, a baixa remuneração da cana-de-açúcar é explicada por vários motivos, como queda do preço do açúcar no mercado internacional e também do preço do petróleo, este com influência direta nos preços
da gasolina e etanol. Condições do clima e aumento de pragas com necessidade de maiores gastos em manejo também contribuem.
“Porém, a falta de atualização no Consecana, Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Etanol do Estado de São Paulo, se apresenta como um fator importante, que leva à perda de remuneração do produtor”, atestam as entidades no informativo.
Estudos realizados mensalmente pela Orplana (Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil) comprovam defasagem percentual de participação da matéria-prima (%PMP).
Em janeiro deste ano, por exemplo, o preço adotado pelo Sistema Consecana ficou defasado em 14,16%, ou seja, o valor de R$ 0,5748 por kg de ATR deveria ser de R$ 0,6562. Isso sem contar a participação de novos produtos, como a energia elétrica, que não estão inclusos nestes valores.

Rentabilidade da cana

Na região de Guariba, o resultado operacional efetivo na cana foi positivo nas últimas quatro safras.
Porém, quando calculado o lucro ou prejuízo, o produtor amargou prejuízos em três delas, sendo somente
lucrativa a safra 2016/2017.

No informativo, as entidades divulgam informações de  estudo sobre a viabilidade econômica da cana, realizado pelo Pecege mostra que para uma área de 70 hectares na região de Guariba, com produtividade média de 86 toneladas por hectare e 136 kg de ATR por tonelada (cana de seis cortes), o resultado é um prejuízo de R$ 9,51 por tonelada de cana ou R$ 817,86 por hectare.

Em 42 regiões produtoras de cana-de-açúcar da região Centro-Sul do Brasil, somente quatro apresentaram lucro na atividade (Iturama, Campo Florido, Frutal e Ourinhos). As outras 38 apresentaram prejuízos.

 

 

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