Enfim, uma visão de futuro na Rio+20

Embora vá se confirmando, debate após debate, a precariedade e esterilidade da Rio+20 em elação à saudosa Eco 92, pelo menos um fato merece aplausos: A Embraer anuncia, para 19 de junho, a realização de voo demonstração de um jato modelo 195 usando combustível renovável destilado a partir da cana-de-açúcar.

O jato movido a álcool já passou, com sucesso, por vários testes reservados e seu uso comercial já está agendado por uma empresa aérea brasileira. É a primeira vez no Brasil que um combustível renovável e derivado da cana-de-açúcar será usado na alimentação de aviões deste tipo.

Num ótimo momento, a Embraer programou a apresentação do novo combustível como parte da programação Rio+20. Se tudo correr bem, será a decolagem do evento – que, apesar de todo investimento e badalação, ainda não saiu do chão.

A experimentação de biocombustíveis na aviação não é coisa nova no Brasil e seus estudos remontam há mais de 35 anos, desde quando foram discretamente testados por equipes de cientistas do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos (SP). Na década de 1980 a Universidade do Ceará testou, com razoável êxito, o bioquerosene. Hoje, aeronaves de pequeno porte voam queimando etanol para trabalhos de pulverização agrícola. A novidade está por conta do uso desse tipo de etanol em jatos comerciais.

Antes mesmo do jato Embraer 195 levantar voo na próxima terça-feira, já aterrissou nos birôs da Anac o pedido oficial para o uso desse tipo de etanol em voos comerciais. O primeiro trecho requerido, protocolado no dia 25 de abril, é Campinas/Rio de Janeiro/Campinas.

Finalmente algo de novo, de avançado, em meio ao pantanoso cenário das velhas teses, onde o desenvolvimento e a tecnologia são identificados como algozes da natureza. Até anátemas contra o “consumismo” passaram a ser vociferados como “novas palavras de ordem”.

Construir o desenvolvimento sem destruir a natureza, conforme apontado pela Eco 92, ainda é o caminho a ser perseguido pela humanidade.