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Enfim, o preço do etanol começa a cair

Após a sucessão de reajustes que elevou o custo do etanol a R$ 2,84 — valor quase igual ao da gasolina, vendida por preços de R$ 2,84 a R$ 2,87 no Distrito Federal —, o derivado da cana-de-açúcar começa a devolver parte dos aumentos. Da semana passada para cá, o álcool caiu até R$ 0,36 frente ao maior valor registrado nas bombas, ou seja, um recuo de 12,67%. O melhor preço está no centro de Taguatinga, onde o litro do álcool sai a R$ 2,48. A tendência, daqui para a frente, é que o decréscimo continue.

As altas pesadas sobre o etanol no início do ano ocorreram por duas razões. Uma, o fato de o início do ano ser período de entressafra da cana-de-açúcar, matéria-prima do álcool. A outra foi a valorização do açúcar, também produzido a partir da cana, no mercado internacional. O movimento tornou a exportação atraente para os plantadores, que destinaram maior parte da cana para a produção de açúcar.

Agora, graças às primeiras colheitas da cana, houve redução no preço do álcool vendido pelas distribuidoras ao varejo. Vindos de um longo período de encalhe do combustível nas bombas graças ao preço elevado, os donos de postos repassaram o recuo para os consumidores. José Carlos Ulhôa, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Automotivos e de Lubrificantes (Sindicombustíveis), reclama que a redução foi insatisfatória. Ele afirma que os preços recuaram entre R$ 0,01 e R$ 0,03. Afirma, ainda, que baixou o preço do etanol em R$ 0,05 em seu próprio estabelecimento “porque não estava vendendo nada”.

Antônio Matias, proprietário da Rede Gasol, dona de 91 dos 320 postos de combustível existentes no DF, afirma que houve níveis diferentes de redução no preço, dependendo da distribuidora. “A Petrobras baixou o preç o em R$ 0,04. Por isso, nos postos com a bandeira BR, reduzimos o álcool em R$ 0,06, para R$ 2,79. Já a Texaco aplicou uma redução de R$ 0,20, que repassamos integralmente. Nos postos da bandeira, o etanol está custando R$ 2,59”, explica.

Matias diz que a tendência é de que os valores continuem em trajetória descendente, já que no próximo dia 15 começa a moagem da cana-de-açúcar. “Mas, para valer a pena abastecer com álcool, ele teria que ir a R$ 1,99 na bomba”, diz, referindo-se ao cálculo que ajuda a saber com qual combustível é melhor abastecer os carros flex. Por render menos no motor, o álcool só compensa se o seu preço estiver inferior a 70% do da gasolina.

Maio

O economista André Braz, da Fundação Getulio Vargas (FGV), prevê que, até o fim deste mês, a redução no preço do álcool continuará e que tomará fôlego maior em maio, época de plena safra. Um ponto negativo, diz ele, é que é esperado aumento da gasolina. “Há uma pressão do Oriente Médio. O preço do barri l de petróleo tem subido muito”, ressalta.

Os desencontros entre os preços do álcool e da gasolina são decepcionantes para consumidores como o taxista Ovanir José de Rezende, 48 anos, e a aeroviária Simone Raquel Backhaus, 36. Ambos adquiriram carro flex na mesma época, em 2008, com a esperança de que houvesse competitividade entre os dois combustíveis. “É um absurdo. Com o álcool nesse valor, deveria ser retirada a percentagem de 25% na gasolina”, diz Ovanir. “Só abasteci com etanol umas sete vezes na vida desde que comprei meu carro”, conta Simone.

Histórico

Relembre os reajustes sobre o preço do álcool no Distrito Federal em 2011

Quando – Aumento (em R$) – Variação

15 de janeiro – R$ 0,12 – 5,9%

9 de fevereiro – R$ 0,08 – 3,7%

14 de março – R$ 0,11 – 5,8%

15 de março – R$ 0,10 – 4,23%

24 de março – R$ 0,35 – 14,05%

Fonte: Valores aplicados nas bombas, informados pelo mercado à reportagem

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