A exportação de energia elétrica para o Sistema Interligado Nacional (SIN), gerada a partir de térmicas a biomassas, alcançou no primeiro trimestre de 2024 o total de 2.588 GWh, com crescimento de 8% em relação ao número registrado entre janeiro e março de 2023 (2.395 GWh).
Em maio de 2024, o Brasil chegou a 20,9 GW de capacidade instalada de cogeração em operação comercial no Brasil, representando 10,3% da matriz elétrica nacional (202,09 GW). Os dados são disponibilizados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e compilados mensalmente pela Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen).
“A cogeração de energia vem dando uma significativa contribuição para a segurança energética do País”, afirma o presidente executivo da Cogen, Newton Duarte.
De acordo com os dados disponibilizados pela CCEE, a exportação de energia elétrica gerada a partir de térmicas a biomassa em 2023 foi de 28.246 GWh, uma marca recorde, e cumprindo papel importante para preservar o nível de água nos reservatórios das usinas do Sudeste / Centro-Oeste, chegando a 16 pontos percentuais em 2023.
“É uma energia distribuída, gerada em usinas próximas dos pontos de consumo, o que dispensa a necessidade de investimentos em longas linhas de transmissão. E é uma energia firme, com qualidade, não intermitente. A cogeração é fundamental para uma matriz elétrica mais equlibrada”, explica Duarte.
Os níveis de exportação poderiam crescer ainda mais, na avaliação da associação. A Cogen defende um ajuste regulatório para que as usinas de açúcar e etanol possam ter maior liberdade e negociar os excedentes da cogeração, acima da garantia física, também no ambiente de contratação livre (ACL), uma vez que essa indústria já comercializa mais de 2/3 de sua energia no mercado livre.
“O pleito da Cogen é que se permita que o excedente de energia de cada usina possa também ser comercializado no mercado livre, o que hoje é limitado pela portaria 564 de 2014 do Ministério de Minas e Energia. Esse entrave desestimula o aumento da produção, visto que as usinas que excedam sua garantia física ficam limitadas a liquidar esse excedente de energia ao Preço de Liquidação de Diferenças (PLD) e, em função da significativa judicialização do setor, as usinas acabam levando muitos anos para receber por essa energia excedente”, diz Duarte.
Desde janeiro de 2024, entraram em operação comercial 269,1 MW de cogeração. Somente no mês de abril entrou em operação comercial 160,00 MW de bagaço de cana e 8,14 MW de óleos vegetais.
OUTROS DADOS DO LEVANTAMENTO DA COGEN
A cogeração de energia em operação comercial no Brasil é de 20,9 GW. O número representa 10,3% da matriz elétrica brasileira (202,09 GW). O total foi apurado no início de maio de 2024, com informações levantadas pela Cogen junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Hoje, a potência instalada de cogeração equivale a 1,49 vezes a capacidade instalada da maior hidrelétrica do País, a usina de Itaipu Bionacional, que contém 14 GW.
- As biomassas registram 17,4 GW de capacidade instalada de cogeração, dos quais 12,6 GW de bagaço de cana e 4,8 GW de outras fontes, principalmente licor negro e resíduos de madeira. Segundo o Relatório Síntese do Balanço Energético Nacional (BEN 2023), a geração de energia elétrica por biomassas foi de 55,297 TWh em 2022.
- No país, a cogeração conta agora com 665 usinas. A produção de energia movida a bagaço de cana-de-açúcar conta com 391 usinas, com capacidade instalada de 12,6 GW, o que representa 60,2% do total da cogeração. Em segundo lugar, no ranking, está o licor negro, com 22 usinas, perfazendo uma capacidade instalada de 3,4 GW (16,5%). Já a cogeração a gás natural tem 93 usinas, somando uma capacidade instalada de 3,2 GW (15,1%). A cogeração derivada de cavaco de madeira chega a uma capacidade instalada de 1,1 GW (5,2%) derivadas de 74 usinas. A produzida com biogás detém uma capacidade instalada de 379 MW (1,8%), partindo de 52 usinas. Outras fontes somam uma capacidade instalada de 267 MW, oriunda de 33 usinas e completam o quadro (1,3%).
- No ranking por unidades da federação de cogeração por biomassa, o Estado de São Paulo lidera a lista com 7,7 GW instalados. Em seguida estão Mato Grosso do Sul (2,1 GW instalados); Minas Gerais (2,0 GW instalados); Goiás (1,5 GW instalados); Paraná (1,4 GW instalados), Rio de Janeiro (1,3 GW instalados) e Bahia (1,1 GW instalados).
- Entre os cinco setores industriais que mais usam a cogeração estão o Sucroenergético (12,597 GW), Papel e Celulose (3,447 GW), Petroquímico (2,256 GW), Madeireiro (861 MW) e Alimentos e Bebidas (651 MW).
ESTIMATIVA DE CRESCIMENTO ATÉ 2026
- De acordo com a Aneel, segundo o “Acompanhamento da Implantação das Centrais Geradoras de Energia Elétrica”, a Previsão para Liberação de Operação Comercial, atualizada no dia 09/05/2024, apresenta uma adição na capacidade instalada de 1,6 GW até 2026, conforme apresentado no gráfico abaixo, com média anual de 544 MW por ano.