Em 2023, a biomassa em geral, que inclui as diversas biomassas, instalou nove unidades geradoras novas (UTEs) totalizando 214 MW, representando 2,1% do total de acréscimo de potência instalada na matriz elétrica por todas as fontes de geração no país (10.315 MW) naquele ano. Número bem abaixo da média dos últimos 10 anos (2014-2023), quando a biomassa teve um acréscimo médio de 569 MW novos a cada ano.
Nos últimos 10 anos (2014 a 2023), a fonte biomassa em geral instalou 5.691 MW novos na matriz elétrica brasileira, equivalente a 51% da potência instalada pela Usina Belo Monte ou 41% de uma Itaipu.
Em 2024, a previsão é que a fonte biomassa em geral acrescente 1.125 MW à matriz, o maior valor desde 2013, com a instalação de 22 usinas geradoras (UTEs), sendo que oito entraram em operação até abril deste ano (266 MW) e as 16 UTEs restantes (859 MW) têm viabilidade alta de entrada em operação comercial ainda neste ano, conforme estudo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA) na base de dados da Aneel.
Em 2024, prevê-se que a biomassa em geral represente 12% do acréscimo de capacidade instalada no país (9.680 MW), atrás apenas do acréscimo representado pelas fontes eólica e solar centralizada. Desde 2015, o acréscimo anual de potência pela fonte biomassa não superava a fonte fóssil no país.
Em volume, o recorde de acréscimo anual pela biomassa foi em 2010 (1.750 MW), seguido do ano de 2013 (1.431 MW) e 2009 (1.155 MW) que quase empata com a previsão para o ano de 2024 (1.125 MW).
Em 2024, a maioria das 22 usinas geradoras (UTEs) que entraram ou entrarão em operação comercial, totalizando 1.125 MW, terão resíduos agroindustriais como combustíveis principais (categorizados como bagaço/palha de cana, biogás, capim elefante e casca de arroz).
Contudo, para 2025, a previsão da Aneel é que a biomassa acrescente apenas 259 MW novos dos 11.918 MW previstos para serem instalados no país (2,2% do total), ficando à frente apenas das hídricas, que instalarão 226 MW (1,9% do total).
Em 2025, a geração solar centralizada será a principal em termos de novos MW, com a previsão de instalação de 6.577 MW (55,2% do total), seguida pela fonte fóssil (2.469 MW, com 20,7% do total). As eólicas ocuparão o terceiro lugar, com 2.387 MW novos (20% do total a instalar pelo país em 2025).
Quase 74% da expansão em 2024 (827 MW) pela biomassa tem relação com contratos comercializados no ambiente de contratação regulada (ACR), mostrando a importância ainda dos leilões regulados para o setor da biomassa.
Desde 2022, não temos leilões regulados de contratação de energia nova e, para este ano, tudo indica que teremos apenas o Leilão de Reserva de Capacidade na forma de Potência, com diretrizes que praticamente expulsarão a biomassa, embora as biousinas entreguem potência e energia (renovável) firmes no período seco e crítico do setor elétrico, porém com características de despacho diferentes das gigantescas térmicas a gás ou óleo.
É importante fortalecer o mercado livre, desenvolvendo instrumentos de financiamento de longo prazo e uma formação de preços consistente, além de regularizar o funcionamento das liquidações financeiras no Mercado de Curto Prazo, imbróglio judicial que se arrasta por quase dez anos.
Contudo, precisamos trabalhar para criar diretrizes que possam continuar permitindo a participação efetiva da biomassa no ambiente regulado, incorporando as externalidades da bioeletricidade e reconhecendo as características de cada projeto e tecnologia, contribuindo para uma expansão mais contínua da bioenergia na matriz elétrica brasileira.
*Artigo do gerente de Bioeletricidade da UNICA, Zilmar Souza, originalmente publicado na Energia Brasil