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Energia eólica é incentivada pelo Governo, mas opinião de especialistas diverge quanto a sua validade

O uso da energia vinda do vento para a produção de eletricidade é novo no Brasil. O país, pela abundância de recursos hídricos, sempre se utilizou desta opção para a geração de energia. Porém, pesquisadores do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica – Cepel – descobriram que o território possui grande potencial para a gestão e uso da energia eólica, através do projeto denominado Mapa Eólico Nacional.

Os estudiosos fizeram um compilado com informações sobre a pressão atmosférica no país entre os anos de 1987 a 2001 e modelos de relevo e rugosidade do território brasileiro. Com as variáveis, calcularam uma média, que os possibilitou mensurar o comportamento dos ventos nas diversas regiões do Brasil. O resultado apontou que o país é propício à instalação de aerogeradores para a captação do vento, para que este seja transformado em energia elétrica.

Já existem projetos por parte do Governo Federal para que o uso da energia eólica se desenvolva no país. O Ministério de Minas e Energia (MME) estabeleceu o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica – Proinfa -, que prevê a construção de usinas de captação de energia eólica com capacidade instalada de 1,1 GW (gigawatt) e um contrato com a Eletrobrás (Centrais Elétricas Brasileiras S.A.) com duração de 20 anos.

Porém, há controvérsias acerca da validade de se investir nesse campo. De acordo com o professor do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Alagoas, Luiz Carlos Molion, “a energia eólica é a última opção para o Brasil”. Já Antonio Leite, coordenador do mapeamento dos ventos do país e pesquisador do Cepel, vê grandes possibilidades no uso da energia eólica. “Esta é uma tecnologia que está em ascensão no Brasil”, afirma.

“Se aproveitarmos todo o vento que o Brasil pode nos proporcionar em forma de energia, conseguiremos 147 GW de potência instalada, o que equivale a mais de 10 usinas de Itaipu”, defende Leite. Já Molion coloca que, mesmo que o país tenha todo esse potencial, não seria viável encher o território de aerogeradores e, segundo seus cálculos, o gasto com esta empreitada seria de 120 bilhões de dólares.

Muito se comenta que a geração de energia eólica é onerosa. Segundo Leite, toda tecnologia nova é cara. “Se investíssemos neste tipo de energia, os custos ficariam diluídos nos gastos com a energia hidráulica”, argumenta o pesquisador. Molion contesta: “se paga muito caro por uma estrutura que não funciona adequadamente”. Esta afirmação é sustentada pelo professor com base num estudo feito em Mucuripe, no Ceará. A região possui aerogeradores que, de acordo com ele, durante 10 anos só funcionaram durante 30% do tempo.

O professor Molion garante que existem outras possibilidades mais viáveis, em se tratando de Brasil. “Podemos continuar explorando os rios para a geração de energia, além de investir na utilização dos óleos vegetais das palmáceas nativas, mamonas e cereais”, diz. Ele também informa que, na região Nordeste, pode-se utilizar a energia solar através de concentradores de calhas parabólicas – segundo ele, uma tecnologia barata, limpa e renovável. Essa tecnologia está sendo desenvolvida há cerca de vinte anos por cientistas norte-americanos, no deserto de Mojave, e, como depende de incidência solar, teria boas chances de ser bem sucedida no Brasil.

Os estudiosos convergem suas opiniões em apenas dois pontos. Primeiro, o vento é uma fonte de energia intermitente, ou seja, imprevisível: não se sabe quando ele estará propício a cumprir adequadamente tal função. Segundo, a energia eólica é limpa, renovável e não oferece riscos ao meio ambiente.

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