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Energia a partir de ondas do mar no Ceará

Um convênio entre o governo estadual, Eletrobrás e Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia (Coppe) da UFRJ dará início ao projeto de construção de uma usina de ondas de mar em outubro. Com isso, o Ceará receberá a primeira usina das Américas especializada nesta fonte de energia. A capacidade será de 500KW.

O Estado vai iniciar ainda neste semestre, no quebra-mar do Porto do Pecém, na Região Metropolitana de Fortaleza, a 60km da Capital, a construção da primeira usina das Américas que produzirá energia elétrica a partir das ondas do mar. A previsão está no cronograma da Secretaria da Infra-Estrutura do Ceará (Seinfra). A operação está prevista para outubro do ano que vem.

O convênio para viabilizar a implantação do equipamento foi assinado em fevereiro do ano passado entre governo estadual, Eletrobrás e Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Esta é responsável pelo projeto, desenvolvido no Laboratório de Tecnologia Submarina.

A capacidade de geração da usina é de 500KW, equivalente ao necessário para suprir a demanda de 200 famílias. O projeto de implantação da usina de ondas do mar, no valor de R$ 3,4 milhões (dos quais a Eletrobras vai aportar 50%), implica na fabricação, instalação e monitoramento. O apoio local inclui infra-estrutura e medições das ondas.

A energia que será produzida (0,5MW) ainda é pequena se comparada a outras fontes renováveis de geração elétrica no Ceará, como a eólica, por exemplo, que tem capacidade para produzir 17,4MW. Isso, no entanto, não é referência para os técnicos do governo que esperam os melhores resultados há longo prazo.

“É a mesma coisa quando começamos a eólica, fomos pioneiros também com pouca produção e hoje somos os maiores produtores nessa fonte no País”, lembra Adão Linhares, coordenador de Energia e Comunicações da Seinfra. “O Ceará desenvolve essa tecnologia, porque acredita na viabilidade dela, é o primeiro passo que estamos dando”, completa.

O impacto ambiental minimizado e o custo de implementação, que chega a ser 30% menor que o de uma usina eólica e similar ao de uma hidrelétrica, estão entre os pontos positivos do projeto. Segundo a Coppe, estudos preliminares apontam que o litoral brasileiro, através da energia das ondas, tem potencial para suprir 15% do total de energia elétrica consumida no País.

A principal inovação tecnológica deste projeto concebido pela Coppe está no uso da câmara hiperbárica, equipamento que simula ambientes marinhos de alta pressão. A câmara simulará a pressão de uma queda dágua, similar a de uma usina hidrelétrica, para gerar energia.

As ondas do mar possuem energia cinética devido ao movimento da água e energia potencial devido à sua altura. Energia elétrica pode ser obtida se for utilizado o movimento oscilatório das ondas.

A usina de ondas proposta é constituída de várias unidades de flutuadores, cada qual capaz de acionar, através de um braço, uma bomba de movimento alternado, que injetará água sob pressão em um reservatório em aço, denominado câmara hiperbárica, associado a um acumulador pneumático.

Válvulas de controle de vazão instaladas na câmara possibilitam a formação de um jato de água, com pressão e vazão pré-determinados e constantes que aciona uma turbina acoplada a gerador elétrico.

LOCALIZAÇÃO — Os ventos alísios fazem do Ceará um estado com condições ideais para a instalação da usina. A ação constante desses ventos garante a regularidade de freqüência e altura das ondas.

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