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Encontro discute aquecimento global

Os efeitos do aquecimento global na agricultura podem reduzir a produção, alterar áreas de plantio e propiciar o surgimento de pragas. Além disso, mudanças nas práticas de plantio, como a mecanização e o fim da queimada da cana, estão facilitando o aparecimento de doenças. Esses problemas serão discutidos no 31 Congresso Paulista de Fitopatologia, que será realizado de 12 a 14 de fevereiro pelo Instituto Biológico. O encontro será na sede da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) em Campinas – Avenida Brasil , nº 2.340. A abertura será com o palestrante Carlos Nobre, coordenador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Nobre é um dos maiores especialistas em mudanças climáticas do País, chefe do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos e membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU), grupo de cientistas que dividiu o Prêmio Nobel da Paz de 2007 com o ex-vice-presidente norte-americano Al Gore. A sua palestra acontece amanhã, às 10h40.

A fitopatologista do Instituto Biológico, Flávia Patrício, uma das organizadoras do evento, diz que a parte técnica é aberta a profissionais e estudantes. As palestras são para todos os interessados e a programação completa pode ser conferida pelo site www.infobibos.com/cpf2008/ . As inscrições também são feitas pela internet. O custo é de R$ 220,00 para profissionais, R$ 190,00 para sócios do Grupo Paulista de Fitopatologia, R$ 130,00 para estudantes de pós-graduação e R$ 80,00 para alunos de graduação. O valor específico para cada palestra ainda não havia sido definido na semana passada. .

“O tema que escolhemos interessa diretamente aos fitopatologistas, pois as mudanças climáticas estão afetando as chuvas e o clima. A umidade e as altas temperaturas aumentam o risco de doenças nas plantas”, afirma Flávia. Ela defende que não deve haver alarmismo, mas o problema é real e precisa ser combatido com antecedência.

Serão 20 palestrantes expondo sobre temas diversos e que têm relação com culturas agrícolas importantes para o País, como a cana, laranja e pequenas culturas, como frutas, hortaliças e cebola. Pesquisas e registros de produtos para esse setor serão temas debatidos com representantes de ministérios ligados ao assunto.

“Pesquisas nos Estados Unidos mostram que essas pequenas culturas, apesar de ocuparem áreas menores, são responsáveis por 40% do PIB agrícola. No Brasil deve ser a mesma coisa. Mas há pouco interesse da iniciativa privada em investir em produtos para essas culturas, pois, com áreas menores, elas são menos lucrativas”, explica Flávia. Por isso, o objetivo é cobrar do governo iniciativas para financiar pesquisas de produtos para esses agricultores.

Para esse setor serão apresentadas novas técnicas de pós-colheita com produtos naturais. Para os produtores que usam a técnica da hidroponia, serão trocadas informações sobre o pythium, um microorganismo aquático que causa a podridão de raízes e é o principal problema do setor.

Cana

A cana-de-açúcar, um dos destaques da agricultura brasileira, será o tema do último dia de congresso. Os fitopatologistas estão interessados em conhecer resultados de pesquisas sobre as mudanças ocorridas nas cultura canavieira em locais onde a mecanização foi implantada e em novas regiões de expansão, como Mato Grosso e Goiás.

“Com a mecanização, não há mais queimadas, que ajudava a evitar certas doenças e mantinha a cultura mais resistente e duradoura. Agora estão sendo constatadas doenças e alteração da vida útil da cana em áreas mecanizadas”, conta a pesquisadora.

Outro setor de grande preocupação é o da laranja, que tem uma das doenças mais devastadoras entre as diferentes cultura, o greening, denominado agora de huanglongbing. Sabe-se que a doença, que afeta folhas, frutos e mata a planta, era transmitida por duas bactérias. Agora foi descoberta no Brasil uma terceira bactéria que também é transmissora e os resultados da pesquisa serão apresentados no congresso.

A FRASE

“A umidade e as altas temperaturas aumentam o risco de doenças nas plantas.”

FLÁVIA PATRÍCIA – Fitopatologista do Instituto Biológico

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