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Encontro Brasil-Alemanha avalia biodiesel no Ceará

Projeto pode evoluir para acordo de pesquisa entre o Brasil, Alemanha e governo do Ceará. Empresários e representantes de governos reunidos no 23 Encontro Econômico Brasil-Alemanha, de 3 a 5 de julho, em Fortaleza, poderão conferir a eficiência dos ônibus movidos a biodiesel de mamona etílico e metílico a 20% (B20).

A investida do Núcleo de Tecnologia Industrial (Nutec) contempla projeto-piloto, envolvendo uma frota de 12 veículos e com chances de evoluir para acordo de pesquisa, entre os governos da Alemanha, do Ceará e do Brasil.

O secretário da Ciência e Tecnologia do Estado, Hélio Guedes de Campos Barros, que participou de uma reunião em Brasília, no mês passado, com representantes dos ministérios do Desenvolvimento, da Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Ciência e Tecnologia (MCT) e Desenvolvimento Agrário (MDA), confirma a negociação.

A experiência prevista para o Ceará deverá seguir por 2 anos, em condições de ser expandida, dependendo de entendimentos com instituições parceiras. Nesse período, na cidade alemã de Dortmund, também podem ser realizados os testes em veículos com o etanol puro brasileiro, adianta o presidente do Nutec, Fernando Ribeiro de Melo Nunes.

O assunto entra em pauta na Comissão Mista Brasil-Alemanha no grupo do agronegócio, com reunião técnica envolvendo representantes dos dois países no dia 3 de julho, em Fortaleza. O presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), Carlo Lovatelli, que preside a comissão mista pelo lado empresarial, diz que as negociações têm evoluído desde a terceira reunião anual das sessões nacionais do grupo de trabalho do agronegócios, realizada em fevereiro passado, em Nuremberg, durante a Biofach. O encontro, que apresentou aos empresários alemães as potencialidades do álcool, biodiesel e de produtos orgânicos, resultou na assinatura no protocolo de intenções.

De acordo com Nunes, ainda faltam acertar detalhes como o fornecimento de novos motores para a frota experimental e a fonte de recursos para custear o combustível disponibilizado, no período. O Nutec tem biodiesel em quantidades suficientes para atender a demanda global do projeto, estimada em 182.500 litros no período, e também vai manter a equipe para monitoramento, que ganha reforço de pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC). Pelas contas de Nunes, os gastos estimados com o biodiesel somam R$ 657 mil, no global. “Uma quantia pequena e esperamos que o governo federal banque esse custo”, afirma.

A utilização do biodiesel, conduzida pelo Nutec e a parceira Tecnologias Bioenergéticas (Tecbio), empresa especializada no desenvolvimento de projetos para usinas, vai render ainda acordo com a Prefeitura de Fortaleza.

A proposta envolve o uso de biodiesel de mamona a 5% em 10 ônibus da Companhia de Transportes Coletivo (CTC) e outras duas empresas privadas, a Via Máxima e Via Urbana. O Nutec, instalado no Campus do Pici, área da UFC, já comanda planta-piloto, base de um novo projeto que entra em operação em setembro deste ano, no mesmo local.

A nova usina, que envolverá recursos de R$ 100 mil, do Nutec, e outros R$ 400 mil, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), terá capacidade de produção de 2,5 mil litros/dia. “O volume é suficiente para abastecer todos os testes agendados pelo governo da Alemanha e da Prefeitura, garante o engenheiro químico Expedito José de Sá Parente, diretor da Tecbio, responsável pela primeira patente de biodiesel do mundo, concedida em 1977, divulgada cerca de 3 anos depois, e hoje de domínio público. “O biodiesel é genuinamente cearense”, diz Parente.

As propostas para o estado incluem usinas-piloto de Tauá e Piquet Carneiro, do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), em parceria com o Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Centec), em condições de produzir 2000 litros/dia, cada.

Somente as pequenas unidades previstas terão capacidade para 2 milhões de litros ano, calcula o diretor da Tecbio. Essa soma não inclui o volume estimado da usina da Petrobras, que projeta investir em uma unidade no município de Quixadá, com capacidade para 1.250 litros por hora. O cenário de futuros negócios também prevê a exportação.

O diretor da Tecbio, Expedito Parente, anuncia ainda a construção de uma metalúrgica, em galpão de 2 mil m², no bairro Mondubim, em Fortaleza, que vai fabricar máquinas compactas em série para pequenas usinas de biodiesel, com foco nas associações de agricultores do interior.

Os equipamentos asseguram produção de 2 mil litros/dia. “A idéia é de colocar no mercado uma unidade por semana”, adianta o engenheiro, sócio da empresa ao assinalar que as obras da fábrica serão concluídas no final deste mês. A Tecbio já tem projetos para implantação de usinas de biodiesel em outros estados e tam-bém na República Dominicana.

O Projeto Mamona do Ceará irá agregar este ano o plantio de 17.560 hectares, área somada aos 9.278 hectares plantados em 2004, com previsão de colher 26.838 toneladas em igual número de hectares.

Vamos atingir 11.540 milhões de litros de óleo, e igual quantidade em biodiesel , mais 10% de glicerina, voltada para a química fina”, informa o gerente do projeto Mamona do Ceará , da Secretaria da Agricultura e Pecuária (Seagri), Valdenor Neves Feitosa. Apenas a Seagri distribuiu, até meados de março, 42,8 toneladas de sementes de mamona para os agricultores dos municípios zoneados para a cultura no estado. Outras 45 toneladas foram disponibilizadas pela Brasil EcoDiesel, empresa parceira do projeto.

A Seagri, empenhada na condução do programa, contabiliza 8.946 empregos gerados no setor em 8 meses. “A ampliação do cultivo de mamona integra a política do governo federal para inclusão social no semi-árido nordestino”, lembra o gerente ao apontar que o projeto cearense tem 88 municípios zoneados para a produção e o cultivo é feito em consórcio com de variedades de feijão. Na cidade alemã de Dortmund podem ser realizados testes em veículos utilizando como combustível o etanol puro brasileiro

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