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Empresas fazem inventário no Rio

A sustentabilidade da Rio+20 não foi esquecida pela organização da conferência da ONU. Um grupo de empresas doadoras está fazendo o inventário de emissões para garantir a adoção de boas práticas e a compensação das emissões do encontro. Uma coordenação de sustentabilidade está encarregada de propor ações com o objetivo de reduzir os impactos ambientais e sociais do evento.

Os estudos buscam definir medidas para a gestão de emissões de gases de efeito estufa, recursos hídricos e sólidos, energia, transporte, construções, compras públicas, turismo e alimentos carimbados com o selo da sustentabilidade. A compensação das emissões será realizada pelo governo brasileiro por meio de Reduções Certificadas de Emissão (RCEs). Toda a coleta de lixo será seletiva. A frota de veículos oficiais utilizará motores flex e uso prioritário de etanol ou biodiesel e gasolina E20-E25 (com 20% a 25% de etanol).

“Existe estudo de como a cidade está hoje em termos de emissões de gases e como ficará durante o evento”, diz o secretário nacional da organização da Rio+20, Laudemar Aguiar.

A preocupação se justifica. No Riocentro tudo está sendo preparado para receber 38 mil pessoas por dia. Na Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo, a expectativa é de um movimento diário de pelo menos 18 mil representantes da sociedade civil, turistas e moradores da cidade. A movimentação desse contingente gera emissões que vão desde o pouso dos aviões até a reciclagem do copo de café descartado.

O comprometimento do país com o tema da conferência será contemplado ainda por projetos do governo estadual e da prefeitura municipal que apostam na sustentabilidade. É o caso do novo sistema de ônibus articulados de trânsito rápido (da sigla em inglês Bus Rapid Transit). O BRT Transoeste, um corredor de 56 quilômetros e 64 estações, que liga a Barra da Tijuca a Santa Cruz e Campo Grande, na Zona Oeste, será inaugurado dia 6. A Prefeitura do Rio, que investiu R$ 900 milhões na obra, espera evitar a emissão de gases de efeito estufa com um transporte público de qualidade que vai beneficiar 220 mil pessoas por dia.

Outro projeto municipal que será apresentado como modelo de sustentabilidade é o Morar Verde Carioca. As favelas da Babilônia e do Chapéu Mangueira, no Leme, na Zona Sul, passam por obras de reurbanização com a construção de 117 unidades habitacionais com estrutura metálica reciclada, implantação de rede de saneamento, sistema de reúso da água da chuva, serviço de coleta seletiva de lixo, energia solar e iluminação pública com lâmpadas LED, que reduzem 50% do consumo de energia.

A sustentabilidade é marca também dos 50 mil contêineres ecológicos distribuídos para a coleta do lixo residencial. Feitos a partir da cana-de-açúcar, eles reduzem em 85% a emissão de poluentes na comparação com os equipamentos de origem petroquímica. Um sistema de iluminação híbrida, que funciona com energias eólica e solar, começou a ser instalado em alguns bairros. Luminárias em LED, mais econômicas, também já enfeitam alguns monumentos.

“A Prefeitura do Rio tem a sustentabilidade como uma de suas metas e procura incorporá-la sempre que possível em benefício da população”, diz o secretário municipal de conservação e serviços públicos, Carlos Roberto Osório, encarregado da organização da Rio+20.

O governo do Estado promete pelo menos dois trunfos sustentáveis. Um é a inauguração do primeiro Distrito Verde do Brasil – uma área de 240 mil metros quadrados na Ilha de Bom Jesus, próxima ao campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Ilha do Fundão, onde dez empresas deverão instalar centros de pesquisas para o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis. O outro é o lançamento da Bolsa Verde, para negociar ativos ambientais como os créditos de carbono emitidos na Rio+20.

A cidade ganhará ainda a primeira cooperativa de lixo eletrônico. Desenvolvido pelo Programa de Geração e Renda da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o projeto reúne catadores de 22 cooperativas. Plásticos, metais, placas de computadores e outros componentes eletrônicos, hoje de difícil descarte, serão recolhidos, separados e destinados a indústrias recicladoras.

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