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Empresários mais preocupados com Hong Kong

O presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), José Botafogo Gonçalves, acredita que temas centrais, como o fim da lista de exceções à Tarifa Externa Comum (TEC), o livre mercado de automóveis, a criação da cláusula de adaptação competitiva (CAC) e a eliminação do imposto de importação argentino sobre o açúcar, serão deixados para depois.

— Acredito que não haverá nada que incomode ou dificulte as discussões durante a cúpula de Montevidéu. Mas, certamente, as questões mais importantes não serão tratadas — afirmou Botafogo.

Ex-ministro da Indústria e do Comércio e ex-embaixador do Brasil na Argentina, ele também demonstrou ceticismo quanto a Hong Kong:

— As dificuldades permanecem em relação a um acordo satisfatório no setor agrícola. Não há como ser otimista. No caso do Brasil, o peso do país é mais político do que comercial, pois temos pouco mais de 1% do comércio mundial.

Esse pessimismo tomou conta de diversos setores empresariais, que estão menos preocupados com Montevidéu e mais atentos a Hong Kong, segundo o consultor internacional Adimar Schievelbein.

— É preciso levar em conta a sensibilidade de setores como o têxtil e o calçadista na redução de tarifas. O governo brasileiro não poderá ceder em tudo na área industrial para ter ganhos na agricultura — disse o consultor.

Ingresso de Chávez no bloco também gera expectativa

Na semana passada, o Brasil insistiu, em uma reunião com representantes de Estados Unidos, Índia, União Européia, Japão e Austrália, em Genebra, na elaboração de um rascunho da declaração ministerial a ser assinada em Hong Kong, a fim de evitar o desastre total. Mas as divergências são acentuadas, mesmo com a pressão do G-20 — grupo de países em desenvolvimento liderado por Brasil, China e Índia, que briga pela eliminação das barreiras tarifárias e não-tarifárias e pelo fim dos subsídios agrícolas.

Outra expectativa em relação à cúpula é a possibilidade de o polêmico presidente da Venezuela, Hugo Chávez, entrar como sócio pleno do Mercosul. Chávez ainda precisa assinar o Tratado de Assunção e aderir à TEC. Para isso, ele terá de convencer o povo venezuelano de que será bom abrir seu mercado aos produtos do Mercosul.

— Isso é com o presidente Chávez. Inclusive é dele a decisão de permanecer ou não na Comunidade Andina — comentou um graduado diplomata brasileiro. (Eliane Oliveira)

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