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Empresários e governo defendem energia da cana

A geração de energia elétrica a partir do bagaço e da palha da cana-de-açúcar, ao mesmo tempo em que essa matéria-prima é utilizada na produção de açúcar ou álcool, foi defendida nesta quinta-feira (6), no Senado, durante audiência pública realizada pela Subcomissão Permanente dos Biocombustíveis – colegiado presidido pelo senador João Tenório (PSDB-AL).

Segundo o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Jank, “perdemos atualmente dois terços da energia dessa planta ao queimar a palha e as pontas da cana em um processo medieval e ao usar o bagaço em caldeiras de baixa pressão, o que serve apenas para gerar energia para as próprias usinas”. Ele afirmou que, com a utilização de caldeiras de alta pressão, será possível converter bagaço e palha em eletricidade excedente para ser vendida.

Jank argumentou ainda que a exploração da biomassa proveniente da cana-de-açúcar (bagaço e palha) representa uma oportunidade de proteger o sistema elétrico nacional de eventuais faltas de energia. O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE, vinculada ao Ministério de Minas e Energia), Maurício Tolmasquim, também destacou a importância dessa forma de bioeletricidade para a segurança energética do país. Ele afirmou que o período da safra da cana vai de maio a dezembro, “justamente quando chove menos nas regiões Sudeste e Centro-Oeste e o nível dos reservatórios está mais baixo”.

Tanto o presidente da EPE como o da Unica apontaram, entre as vantagens da energia gerada a partir da cana, a proximidade entre os locais de produção e os centros de consumo, em contraste com a distância entre esses mesmos centros e as hidrelétricas. Tolmasquim ressaltou que “as hidrelétricas, apesar de todos os seus benefícios, estão ficando cada vez mais distantes dos centros de consumo”.

O presidente da EPE também destacou que a energia proveniente da cana “é totalmente competitiva” em termos econômicos, lembrando que o preço do barril de petróleo custa atualmente cerca de US$ 100.

“Mesmo que esse preço caísse para algo próximo dos 30 dólares, a energia da cana ainda seria competitiva”, declarou ele, acrescentando que “é difícil imaginar que o barril do petróleo possa chegar perto de US$ 30 nos próximos anos”.

Expansão da produção

O vice-presidente-executivo da Associação Paulista de Cogeração de Energia (Cogen-SP), Carlos Silvestrin, que também defendeu a produção de energia a partir do bagaço e da palha, lembrou que o estado de São Paulo é o maior produtor de cana-de-açúcar do país, com cerca de 60% da produção nacional. Ele estima que a safra do país neste ano será de aproximadamente 425 milhões de toneladas.

Silvestrin destacou, no entanto, que Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás devem aumentar expressivamente sua produção entre 2007 e 2012. Segundo suas estimativas, Minas Gerais deve passar de 29 milhões de toneladas neste ano para 79 milhões de toneladas em 2012, enquanto Mato Grosso do Sul passaria de 12 milhões para 59 milhões de toneladas e Goiás, de 16 milhões para 57 milhões de toneladas. Já São Paulo aumentaria sua produção de 264 milhões para 387 milhões de toneladas nesse mesmo período.

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