Mercado

Emprego industrial avança, mas Ciesp mantém cautela

Apesar de o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) registrar quebras de recorde na geração de empregos na indústria por dois meses seguidos, o diretor do Departamento de Economia da entidade, Boris Tabacof, disse que ainda é cedo para afirmar que o Brasil está vivendo um novo ciclo de crescimento. “É inegável que o nível de emprego está apresentando uma curva de crescimento maior do que nos anos anteriores, mas seria prematuro dizer hoje que o Brasil já vive uma nova fase”, disse ele.

De acordo com os dados apresentados hoje pela entidade, o nível de emprego da indústria cresceu 2,25% em abril, em relação ao mês anterior, com 47.442 postos de trabalho criados, o que corresponde ao melhor resultado mensal já alcançado pelo setor dentro dessa série histórica da pesquisa, realizada desde 2000. O mês anterior já havia sido o melhor março da série histórica, com crescimento no nível de emprego de 0,72% em relação a fevereiro.

Existe um otimismo maior por parte dos empresários. Essa melhora nas expectativas se expressa inclusive na compra de maquinário em alguns casos. Mas o crescimento no nível de empregos está muito concentrado em poucos setores, explica Tabacof. Dois segmentos, especialmente, têm aberto mais vagas na indústria paulista: produtos alimentares e destilação de álcool e refino de petróleo, que responderam por 86,4% dos novos postos de abril e por 61,7% em março. Ambos são impulsionados por um único setor, o sucroalcooleiro, que tradicionalmente aumenta suas contratações neste período do ano para o início da safra da cana-de-açúcar.

Com o esforço do governo para venda de biocombustíveis no mercado externo, essa tendência ganhou ainda mais vigor. Nada melhorou no trio que estabelece o crescimento do país: juros, câmbio e tributação, reclamou Tabacof, que estava particularmente preocupado com os problemas relacionados à valorização do real frente ao dólar. “A gente está se esforçando para enxergar o crescimento do país, mas ignorar o problema cambial é bancar o avestruz”, disse.

O Ciesp manteve sua projeção de crescimento para o nível de emprego de 2007 entre 1,17% e 1,83%. Até abril, já há crescimento acumulado de 3,63%. Esse número impressiona à primeira vista, mas a expectativa é que parte desse crescimento seja devolvido até o fim do ano, explicou.

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