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Embarque de açúcar cresce e demanda mais navios

A procura por navios para atender às exportações brasileiras de açúcar está mais cada vez mais acirrada. Desde 2004, as usinas do Centro-Sul do país começaram a elevar o fluxo de escoamento durante a entressafra (entre os meses de janeiro a abril), e, com a ofensiva, o movimento no Atlântico para o transporte de produtos agrícolas já está a pleno vapor, inclusive com reflexos altistas nos fretes marítimos.

Levantamento da agência marítima Williams (Serviços Marítimos) Ltda. mostra que a demanda por navios para embarques de açúcar no porto de Santos (SP) cresceu 67,5% entre janeiro e fevereiro deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Nos primeiros dois meses de 2005, segundo a Williams, foram 67 navios, ante 40 em igual intervalo de 2004.

Para este mês, estão programados 39 navios para açúcar, 18% mais que no mesmo mês do ano passado, de acordo com levantamento da Williams. “Há dois anos, quase não havia movimentação de embarques de açúcar durante a entressafra”, afirmou ao Valor Glynne Williams Mello, diretor da agência marítima que faz o atendimento dos navios nos portos.

No primeiro bimestre deste ano, o Centro-Sul exportou, em plena entressafra, 2,07 milhões de toneladas de açúcar (entre ensacado e a granel), 92,2% mais que no mesmo período de 2004, segundo dados da Williams. Na comparação com 2003, o volume escoado neste ano é 230% maior.

Para Alain Joullie, gerente da empresa de frete marítimo da ESTC (Express Sea Transport Corporation), empresa do grupo grego Marinakis, a disputa por fretes está acirradíssima no Atlântico para produtos agrícolas. “O começo da safra na América do Sul tem aumentado a demanda por navios. O problema é que um navio que carrega açúcar também pode carregar soja”, disse Joullie. “Não há falta de navios, mas os preços sobem quando a demanda é maior”, constatou.

Julien Heiderscheid, diretor da corretora marítima Navys International, lembrou que os preços dos fretes estão 50% maiores em relação aos últimos dois anos. “Nesses últimos 12 meses, o mercado marítimo esteve disputado, com preços altos”, disse. “A maior demanda mundial, com o crescimento do comércio internacional, provoca a falta de navios”.

Segundo Heiderscheid, em um cenário de maior demanda os armadores fazem arbitragem entre os produtos. “A soja leva vantagem porque um navio que vai para Ásia volta com outros produtos”, explicou. O frete para um navio de soja com capacidade para 45 mil toneladas sai, neste mês de março, entre US$ 45 a US$ 50 por tonelada. Um navio de açúcar com capacidade para 30 mil toneladas, por sua vez, sai entre US$ 50 a US$ 55 a tonelada, de acordo com a Navys. A recomendação da Navys é que os fretadores fixem contratos anuais, uma vez que a demanda voltou a ficar firme.

Na semana passado, os terminais portuários Teaçu, do grupo Nova América, e o da Cosan, no porto de Santos, estavam em plena operação. “Estamos investindo no aumento da capacidade no nosso porto para reduzir o tempo de escoamento de açúcar”, disse Renato Dias de Gouvêa, diretor superintendente do Teaçu. Segundo ele, o fluxo de trabalhadores no Teaçu era sazonal, restrito somente ao pico da exportação de açúcar, de maio a dezembro. “Agora, temos fluxo praticamente durante o ano todo”.

No terminal de açúcar da Cosan, o produto ainda divide espaço com a soja durante janeiro a abril. Pedro Mizutani, diretor superintendente do grupo, disse que a Cosan tem contrato de serviços com o grupo Maggi. A tendência, segundo Mizutani, é que os embarques de açúcar sejam mais uniformes, com escoamento durante o ano todo.

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