JornalCana

Em ritmo de expectativas

O ano de 2019 entra no quarto final em ritmo de expectativas para o setor sucroenergético. A safra 2019/20 avança, como esperado, com o mix com predominância alcooleira nas unidades do Centro-Sul. Nas do Norte e Nordeste, a tendência é de que o biocombustível também ganhe destaque na produção.

O mercado interno garante o consumo da oferta excedente? Também é de se perguntar como ficará o mercado do biocombustível diante a cota de importação do etanol de milho dos EUA sem tributação, cuja vigência termina na virada para setembro.

Enquanto esta edição do JornalCana circula entre os leitores, certamente a cota de importação é motivo de discussões. Afinal de contas, são 600 milhões de litros anuais que podem voltar a entrar no Brasil sem pagar tributos.

Estamos também a três meses e 24 dias da entrada em vigor da Política Nacional de Biocombustíveis, o RenovaBio. Até o fechamento dessa edição, apenas 12 unidades produtoras de etanol estavam em processo de consulta pública para conseguir a certificação do programa.

Com a certificação, as unidades poderão comercializar os créditos de descarbonização, os CBIOs. É um incentivo para as unidades produtoras, mas é preciso atentar que o setor tem pela frente uma corrida por ganhos de eficiência. Esses ganhos permitirão notas melhores no processo de certificação.

Há motivação para investimentos nesses ganhos? O RenovaBio é um deles, mas o setor precisa de horizonte estável para focar a expansão na produção de biocombustível.

O mercado interno é capaz de absorver os estimados 26 bilhões de litros da safra em andamento, mais o 1,2 bilhão que deve sair das unidades de milho, mais possíveis importações?

De outro lado temos a questão do preço internacional do açúcar. A safra mundial está prestes a ser iniciada e, embora não seja possível por ora projetar a produção de players como a Índia, consultorias apontam para um déficit de mais de 5 milhões de toneladas.

Se a produção cair, esse déficit indicará necessidade de açúcar. Como devem se portar as unidades produtoras brasileiras diante esse cenário?

É certo que a moagem da 19/20 deverá entrar em dezembro em muitas das unidades do Centro-Sul por conta das chuvas de abril, que atrasaram o início da safra. Esse maior tempo de produção seguirá para a fabricação de biocombustível, com foco no mercado da entressafra?

E a Lei que determina a adição de 10% de etanol na gasolina consumida na China, o que representa sozinho praticamente o consumo de hidratado no Brasil?

As dúvidas certamente pressionam os gestores das unidades. Mas isso não é novidade para um setor resiliente como o sucroenergético.

Diante as expectativas para 2020, com a entrada em vigor do RenovaBio e por um mercado mundial que deverá precisar de açúcar, a tendência é de um cenário menos perturbador como o da última década.

Ainda assim, chegamos ao meio da safra com mais dúvidas do que certezas. Na verdade, como é comum ao setor, a única certeza são as dúvidas… Novamente o setor é convidado a andar apenas em ritmo de expectativas!

 

Josias Messias

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