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Em casa que falta pão…

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Mais da metade de minha de minha vida foi passada neste setor e pode-se dizer que pelo menos em 15 destes 24 anos o setor esteve em crise.

Um fato infeliz é que quando o setor não está indo muito bem, é comum o surgimento de antigas e novas dissensões, disputas e boatos que em nada contribuem para melhorar a situação.

É o que tem acontecido recentemente, em que um dos principais temas nos bastidores do setor tem sido uma eventual divergência da Copersucar em relação à Unica, cujo estopim seria a nomeação de Pedro Parente, o presidente da estrangeira Bunge, para a presidência do Conselho da Unica.

O embate seria pela interlocução política em Brasília, “perigosamente usurpada por um representante dos grandes e estrangeiros”. A saída de Jank da Unica só botou mais fogo nas especulações…

A parte nacionalista até comemorou a divulgação dos prejuízos sofridos por alguns grupos estrangeiros e de que alguns deles estão deixando a atividade sucroenergética no Brasil…

No meio disso tudo, a produção e a rentabilidade das usinas em geral só vai caindo, as empresas fornecedoras não vendem nada e sofrem para receber o que venderam, enfim, a crise só vai se agravando.

É evidente a falta de bom senso nestas questões. Senão vejamos: a Copersucar é o grupo individual com mais assentos no Conselho da Unica e, sozinha, tem o mesmo número que todos os grupos estrangeiros, com 8 conselheiros do total de 25, mais o presidente. E a representação política da entidade é realizada por um comitê específico, o qual também conta com ampla participação da Copersucar.

A celeuma estrangeiros versus nacionais também não faz muito sentido. Afinal, em essência, todos os produtores estão no mesmo barco, sejam nacionais ou estrangeiros. Se estes têm a seu favor as facilidades de um planejamento e capital de longo prazo, os nacionais têm a intimidade com a produção e a eficiência.

É evidente que a escala e a verticalização permitem maior competitividade a qualquer grupo produtor, mas resultados só no longo prazo…

E se até Rubens O. Silveira Mello, o maior produtor sucroenergético e 100% verticalizado, cansou da montanha russa do setor e está investindo num novo conglomerado de negócios, no qual a cana não tem espaço…

Toda essa situação só confirma o ditado, “em casa que falta pão, todo mundo grita e ninguém tem razão”.

Muita conversa e pouco foco. Ou alguém acha que toda essa distração contribui para a melhoria do setor?

O caminho ė focar na razão, porque onde há razão o pão não falta! E a sabedoria demonstra que um grupo dividido não subsiste. Antes de ficar gritando, temos que manter a unidade entre os produtores, concentrando o foco nos desafios mais urgentes que atingem todo o setor: convencer o Governo Federal a recuperar a competitividade do etanol, aumentando o preço da gasolina ou desonerando a tributação do combustível renovável, e aplicar e desenvolver novas tecnologias que promovam o aumento na produtividade e redução de custos.

A eleição de Luiz Custódio para o Fórum Nacional Sucroenergético, em Brasília, e a presidência de Antonio Pádua na Unica, ainda que interina, são ventos que nos trazem esperança de que esta gritaria se transforme em ações articuladas e com benefícios imediatos a todos os participantes da cadeia produtiva sucroenergética.

A economia, o meio ambiente e todo o Brasil agradecem.

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