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Em 20 anos, veículos deixam de emitir 94% de gases na atmosfera

O ar que se respira nas metrópoles brasileiras está mais leve, graças a uma redução drástica nos índices de poluição dos carros. A emissão de monóxido de carbono (CO), um dos gases mais tóxicos para a saúde humana, foi reduzida em 99% nos últimos 20 anos, segundo levantamento divulgado ontem pelo Ministério do Meio Ambiente e o Ibama. Na média, a emissão de gases veiculares foi reduzida em 94%, incluindo outros itens venenosos como hidrocarbonetos (95%), monóxidos de nitrogênio (94%) e aldeídos (92%).

O impacto dessa redução repercutiu imediatamente nas estatísticas médicas e produziu uma economia estimada em US$ 1,3 bilhão em dez anos por conta de internações e tratamentos evitados. A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) calcula que, de 1996 a 2005, foram evitadas 15 mil mortes por doenças cardíacas e pulmonares só na região metropolitana da capital paulista. Esse número pode ser no mínimo o dobro no País. “Há muito por fazer, mas, sem dúvida, esse é um gol de placa”, comemorou o presidente do Ibama, Marcos Barros.

O estudo foi feito pelo Laboratório Interdisciplinar de Meio Ambiente (Lima), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a partir de resultados do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), implantado em 1986. Detalhe: no período analisado (1986 a 2006), a frota nacional subiu de 10 milhões para 25 milhões de veículos.

Em 1986, conforme o estudo, um veículo brasileiro emitia, em média, 54 gramas de monóxido de carbono por quilômetro rodado. Em 2006, essa taxa caiu para 0,3 grama por quilômetro. “O carro brasileiro deixou há muito de ser carroça e tornou-se um dos mais competitivos do mundo, com padrão tecnológico aceito por mercados exigentes, como os da Europa e Estados Unidos”, disse o secretário de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Victor Zveibil.

ITENS DE FÁBRICA

Além da evolução tecnológica, duas medidas são as principais responsáveis por esse sucesso ambiental: a substituição do carburador pela injeção eletrônica e a introdução do catalisador como componente obrigatório dos veículos que saem de fábrica. O presidente do Ibama observou que houve um constante aprimoramento envolvendo o Estado e a iniciativa privada, resultando na melhoria da qualidade de vida.

Mas Barros destacou que ainda há muito por fazer, pois 20% dos carros (cerca de 5 milhões de veículos) têm mais de 15 anos de uso, estão em situação precária e, portanto, são responsáveis por 70% dos gases poluentes lançados no ar. Os automóveis brasileiros ainda consomem muito combustível e a frota de motos está crescendo de forma desordenada.

Barros lembrou que, caso novos padrões tecnológicos não sejam desenvolvidos até 2020, a emissão de gases atingirá os níveis de 20 anos atrás e voltará a crescer em decorrência do simples aumento da frota.

Zveibil defendeu como prioridade agora a implantação do sistema de inspeção veicular, que obriga a revisões anuais de veículos. Ela está engavetada no Congresso desde 2001, onde aguarda regulamentação. A medida, conforme o Ibama, baixaria em mais 40% os atuais índices de emissão de alguns poluentes.

COMBUSTÍVEL ALTERNATIVO

Barros destacou também que o governo investiu, ao longo dessas duas décadas, em combustíveis alternativos menos poluentes, como o álcool e agora o biodiesel. “As medidas adotadas pelo Proconve colocaram o País na vanguarda da tecnologia e do combustível limpos”, disse o coordenador do programa, Paulo Macedo.

Ele lembrou que, apesar do aumento de mais de 150% na frota, houve ganhos expressivos para a economia, o meio ambiente e o consumidor.

Somente o Rio já aplica inspeção veicular no Brasil

Enquanto a inspeção veicular???não é regulamentada pelo Congresso, apenas o Estado do Rio implantou um sistema próprio.

Quando estiver em vigor no País, todos os veículos com mais de três anos de uso terão de passar por inspeção anual para checar os itens de segurança, como os relativos à emissão de poluentes. Os carros fora dos padrões terão de sair de circulação ou passar por uma regulagem.

Outras providências sugeridas para tornar o ar das cidades mais limpo são o estímulo ao transporte coletivo e a redução do teor de enxofre do diesel, usado em veículos pesados.

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