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Elevada umidade impedirá ocorrência de geadas nas áreas produtoras de cana

Especialistas falam sobre os impactos da mudança do clima para os canaviais

Chuvas paralisaram as atividades de colheita

Depois de um longo período de estiagem, a chuva retornou para algumas áreas produtoras do Centro-Sul do Brasil paralisando as atividades de colheita. Em Bataguassu (MS), por exemplo, o acumulado alcançou 115mm, afirma a Somar Meteorologia.

A chuva prosseguirá nesta semana com acumulados que variam entre 100mm e 200mm em apenas cinco dias em áreas do Paraná e Mato Grosso do Sul como Umuarama-PR, Naviraí-MS e Amambai-MS.

“Em São Paulo, estima-se algo em torno dos 50mm nas regiões de Itapetininga e Assis e 25mm em Presidente Prudente. Não há previsão de chuva significativa no norte de São Paulo, assim como Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso”, afirmou Celso Oliveira, meteorologista da Somar Meteorologia.

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Oliveira: estiagem pode prolongar até o início de janeiro no Centro-Sul

Segundo o especialista, entre quinta-feira e sábado, a queda acentuada de temperatura combinada com a entrada de uma forte massa de ar polar trará queda de neve generalizada desde o sul do Rio Grande do Sul até os Campos Gerais do Paraná, fenômeno que aconteceu com tal abrangência somente em 2013.

“Apesar do declínio acentuado da temperatura, a elevada umidade impedirá ocorrência de geadas nas áreas produtoras de cana-de-açúcar”, explica.

A atual seca prolongada vinha preocupando os produtores, mas seus impactos vão depender do próximo período chuvoso. Se a chuva se comportar dentro do normal, as perdas podem ser parcialmente minimizadas.

“O problema é que não há previsão de um período úmido dentro do normal. Estamos monitorando a possibilidade de estiagem entre o fim de dezembro e início de janeiro no Centro-Sul do Brasil”, explica o especialista.

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Sentelhas: geadas prejudicam canaviais de início de safra

De acordo com Paulo Cesar Sentelhas, professor Titular de Agrometeorologia da ESALQ/USP, a seca é comum nesta época do ano e favorece o processo de maturação e colheita. No entanto, em algumas regiões produtoras, a estiagem prolongada, que se iniciou em abril, vem induzindo os canaviais, especialmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais de Goiás, a quebras de produtividade para as canas colhidas neste meio de safra e também para as canas de final de safra.

“Dados do sistema Agrymax, sistema de monitoramento agrometeorológico e de previsão de safra de cana da empresa Agrymet, vem mostrando claramente essa tendência, o que poderá ser amenizado com as chuvas que deverão atingir o sul do MS e SP. Nas demais áreas, onde as chuvas ainda devem demorar para chegar, a situação é preocupante e as quebras de produtividade devem aumentar ainda mais”, ressaltou.

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Geadas podem causar grandes prejuízos

Agora, com as novas condições climáticas, a atenção do agricultor se volta para os possíveis impactos caso a queda da temperatura seja brusca.

Sentelhas disse que para os canaviais recém colhidos ou para aquelas em fase de colheita, as geadas não devem trazer grandes problemas. Mas para as canas de início de safra, já com cerca de 4 meses de ciclo, e aquelas de final de safra com cerca de 8 a 10 meses de ciclo, as geadas, podem trazer prejuízos mais sérios.

O professor explica que, no primeiro caso, as geadas podem causar a morte das plantas, exigindo que as áreas sejam roçadas. Já no segundo caso, as geadas, com a morte da gema apical das plantas, irão exigir que os canaviais sejam colhidos antecipadamente, atrapalhando o planejamento da indústria e reduzindo a produtividade.

“Caso não haja condições de colher essas canas de 8 a 10 meses rapidamente, os prejuízos poderão ser ainda maiores, com a inversão da sacarose e brotação das gemas laterais, o que de uma forma geral irá depreciar a qualidade da matéria-prima para a indústria”, afirma.

Ao ser questionado sobre processos para minimizar os efeitos do clima sobre o canavial, Sentelhas avisa. “Infelizmente não há muito o que fazer a curto prazo. Todas as medidas de minimização dos efeitos do clima na cultura da cana devem ser tomadas com antecedência, o que inclui as questões relativas a um bom preparo e correção do solo; controle de tráfego; evitar plantios em baixada; rotação de culturas e um bom planejamento varietal com base nos ambientes de produção, buscando criar resiliência do sistema em relação aos fatores adversos do clima, como as geadas e a seca”, conclui.

 

 

 

 

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