JornalCana

Economia e consciência ambiental de mãos dadas

O aquecimento global deixou de ser, há muito tempo, preocupação exclusiva dos ecologistas. Os avanços das pesquisas envolvendo os impactos ambientais causados pela presença do homem trouxeram o embasamento científico que faltava para projetar luz na questão – o efeito estufa compromete nossa saúde, nossa economia, nossos recursos naturais e o nosso futuro. Mesmo diante do impasse em torno de um acordo mundial de combate ao aquecimento global, especialmente por conta da resistência dos Estados Unidos, empresas e governos resolveram arregaçar as mangas e colocar por terra a teoria de que consciência ecológica e economia não combinam.

Chuvas torrenciais, enchentes, seca, descongelamento das geleiras e ondas de calor são fenômenos cada vez mais freqüentes – e não respeitam fronteiras. Essas mudanças climáticas já são eco do acelerado aquecimento global causado pelas emissões de poluentes, como o dióxido de carbono (CO2), provenientes, principalmente, da queima indiscriminada de combustíveis fósseis. E os prejuízos financeiros podem ser incalculáveis.

Atento a essa realidade, o setor bancário começa a gestar iniciativas para classificar operações de crédito segundo critérios mínimos ambientais e de responsabilidade social. O International Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial, estabeleceu os “Princípios do Equador” para fomentar grandes projetos sócio-ambientais, com investimentos acima de US$ 50 milhões. Nada menos que 23 bancos internacionais, que financiam cerca de 30% dos projetos em todo mundo, já aderiram à iniciativa. Afinal, chegou-se ao consenso de que empresas que estão mal ambientalmente, em geral, também estão mal financeiramente.

Já existem estudos comprovando que a poluição atmosférica se tornou um problema de saúde pública. Recente estudo financiado pela EPA (Agência de Proteção Ambiental norte-americana), que contou com participação da Cetesb – Companhia de Tecnologia e de Saneamento Ambiental, da Faculdade de Medicina e do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP e do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) demonstrou isso. Só na região metropolitana de São Paulo, a poluição pode custar ao contribuinte, até 2020, mais de R$ 16 bilhões, por conta dos gastos para tratamento de doenças cardiovasculares ou respiratórias causadas ou agravadas por substâncias nocivas lançadas na atmosfera.

Mostrar o peso, no bolso, da falta de políticas de controle de poluição parece ser a melhor maneira de convencer os defensores do crescimento econômico desordenado da importância de cuidar do meio ambiente.

O vácuo deixado pela decisão de Washington de não ratificar o Protocolo de Kyoto, que prevê a redução mundial das emissões de gases causadores do efeito estufa, fez com que vários estados norte-americanos buscassem soluções locais de combate à poluição, a exemplo do que já é praticado por diversos países da União Européia, pela China e pelo Japão.

Recentemente, tive o privilégio de integrar o júri do 2º Benchmarking Ambiental Brasileiro – evento realizado pela Mais Projetos Corporativos e que contou com o apoio da Rádio Eldorado – e conferir o empreendedorismo das empresas brasileiras na busca por soluções ambientalmente corretas. Eram projetos que iam desde o uso de fontes alternativas de geração de energia, reciclagem, otimização da produção, até saneamento e gerenciamento de resíduos industriais. E pude constatar: é impossível encontrar uma empresa que tenha agido e não obtido nenhum benefício.

A preservação do meio ambiente constitui no grande desafio da humanidade neste século. Por isso tenho lutado, no âmbito do Legislativo paulista, para fomentar o uso e a produção de fontes alternativas de energia e pela elaboração de uma política estadual de destinação aos resíduos sólidos. Além disso, precisamos incentivar a adoção do impacto ambiental como premissa de qualquer novo projeto, seja na administração pública ou na iniciativa privada, e incluir a disciplina Educação Ambiental na grade curricular das escolas públicas.

Dentro dos próximos anos, a consciência ambiental será o fiel da balança no mundo globalizado. Cabe a nós, brasileiros, estarmos na vanguarda deste novo modelo de desenvolvimento sustentável. Afinal, economia tem tudo haver com meio ambiente, e quem não se preparar estará perdendo o bonde da história.

Arnaldo Jardim é coordenador da Frente Parlamentar pela Energia Limpa e Renovável e presidente do Grupo de Trabalho de Resíduos Sólidos. E-mail: arnaldojardim@uol.com.br

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram