Economia de água e alimentação bovina a base de cana rendem premiações à Usina
A Usina São José da Estiva, de Novo Horizonte (SP), teve duas de suas ações ambientais mais uma vez reconhecidas e premiadas. Uma delas foi o sistema de limpeza a seco de cana e outra a reutilização de resíduos da produção de cana como alimento bovino.
O sistema de limpeza a seco da cana que chega à indústria, implantado há alguns anos na empresa, foi um dos dois premiados pela FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) na sétima edição do prêmio que reconhece as práticas sustentáveis de empresas de pequeno, médio e grande porte. A premiação aconteceu em São Paulo no dia 22 de março, Dia Mundial da Água. “Desde a safra 2008/2009 a Usina São José da Estiva utiliza o sistema de limpeza da cana a seco, com ar, ao invés da água. O processo é feito com dois ventiladores de 250 m³/h que são fixados na esteira, lançando toda a palha e terra que chega com a cana das lavouras. A palha é jogada em outra esteira e segue para a queima na caldeira, para a produção de energia. A terra depositada no chão é lavada e esse efluente não é totalmente descartado, pois essa água passa por um sistema fechado obtendo redução expressiva no consumo”, explica o gestor Ambiental, Roberto Silva.
A operação fez o consumo de água usada na lavagem da cana cair vertiginosamente. “De acordo com o Balanço Hídrico da Usina Estiva, para lavar 630 toneladas de cana, eram gastos 50 mil litros de água por hora para compensar as perdas por evaporação, drenagem e arraste desta água, que circula em circuito fechado. Para abastecer esse sistema, é necessário captar cerca de 1,2 milhões de litros por dia. Com a lavagem a seco baixamos esta captação para 240 mil litros, o que significa uma economia de aproximadamente 960 mil litros de água por dia, com uma redução na captação de 80% do volume utilizado nesse circuito”, esclarece o gestor.
O sistema também fez cair o volume de água residuária. Antes pelo menos 100 mil litros de água residuária eram descartados por hora, mas com a limpeza a seco o descarte caiu 40%, para 60 mil litros/hora incorporados à vinhaça e usados na fertirrigação das lavouras de cana.
No final do mês, a empresa conquistou outro prêmio: o BestBio 2012, promovido pela revista Energia Mundo. Dessa vez, a Estiva foi premiada na categoria Biotecnologia em Bioenergia, por reutilizar os resíduos da produção de cana como alimento bovino. O supervisor e zootecnistaThiago Maluf representou a empresa na cerimônia de entrega realizada em São Paulo.
Thiago conta que o Confinamento Estiva é destaque nacional na produção de carne bovina usando os resíduos da produção de açúcar e etanol para alimentar o rebanho. “Por ano cerca de 11 mil toneladas do bagaço de cana destinam-se a alimentação dos animais, além de 7 mil toneladas de levedura líquida e mil toneladas de melaço de cana, que correspondem a 50% da composição da dieta fornecida”, aponta Thiago. A produção anual de carne bovina chega a 6,5 mil toneladas.
Segundo Roberto Holland, gerente do Confinamento, o ganho de peso diário de cada animal passou de 1,4 quilos para 1,8 quilos após a adoção desta dieta. O peso de carcaça hoje chega a 22,5 arrobas, contra as 20 registradas antes da adoção deste sistema. “Creio que somos privilegiados pela disponibilidade deste produto para os animais. As principais vantagens se dão pela logística de matéria-prima, devido a ocupação da cana no Estado, resultando num baixo custo em relação a outros produtos que seriam necessários para a composição nutricional da dieta na ausência dos subprodutos da usina”, aponta.
O sucesso do Confinamento Estiva chama a atenção de outras empresas do setor. Recentemente representantes do grupo Alta Paulista visitaram a Usina Estiva para conhecer de perto o sistema de alimentação adotado. “A mídia tem destacado nosso trabalho o que está chamando a atenção de outras usinas do país”, contou o zootecnista.
