JornalCana

É sempre bom prevenir na hora de fazer os investimentos

No Brasil, há cerca de 390 empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), mas somente 200 negociam semanalmente. Este ano, além das mais de 30 organizações que abriram capital na bolsa, outras 20 estão aguardando aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) como é o caso da Redecard, Multiplan ou Açúcar Guarani.

Ao longo desses últimos anos, o mercado financeiro brasileiro amadureceu, pelo menos na parte financeira, segundo Ramin Toloui, diretor de mercados emergentes da PINCO, umas das maiores gestoras de recursos do mundo. A grande protagonista desta transformação econômica é a Bovespa, que obteve valorização de 300% em seu principal índice nos últimos quatro anos.

Mesmo sendo promissor e atrativo, o mercado precisa ficar atento a inúmeros perigos, como a possibilidade de haver oscilações seja no cenário econômico, seja relacionado a problemas sociais, escândalos, entre outros. Podemos ilustrar o caso das ações da Souza Cruz, que figuravam entre as mais procuradas por investidores e, atualmente, aparecem entre as menos recomendadas para investir, devido à grande campanha antitabagismo, como é destacado por Marco Melo, chefe da área de pesquisa em ações da corretora Ágora.

Diferente do cenário da Souza Cruz, a Vale do Rio Doce obteve lucro recorde no primeiro trimestre, chegando à casa dos US$ 2 bilhões, puxados principalmente pelo aumento dos preços do minério de ferro. Após 17 trimestres seguidos, a Petrobras foi ultrapassada pela mineradora no ranking das empresas de capital aberto mais lucrativas da América Latina, segundo a consultoria Economática. Este é um excelente fator para análise na hora de investir.

Até investidores mais experientes devem ter cautela com a saúde financeira da empresa, pois os números enganam, como ocorreu com a Parmalat. A companhia, que demonstrava aparente sucesso em suas contas e faturamento, na verdade escondia diversas falhas. Por isso, é necessário observar todos os fatores que envolvem a empresa, como a capacidade de produção. É imprescindível, também, no caso de empresas endividadas investigar se trata de uma real crise ou se a dívida é somente referente ao pagamento de uma demanda de produção.

Outros dois fatores são relacionados à credibilidade da marca e aos lucros obtidos. No primeiro caso porque qualquer escândalo ou falha pode refletir em uma imagem negativa para os clientes e mercado e trazer queda de suas cotações. E, dependendo do negócio, o lucro pode ser investido em ações internas ou externas, não resultando em ganhos para acionistas e investidores.

Muitas empresas têm adotado medidas para melhorar sua imagem, agregar valor à marca e atrair mais investidores e clientes. Uma delas é a boa prática da governança corporativa que transmite confiança e respeito, mas principalmente transparência e prestação de contas.

Segundo a Brand Finance, especializada em avaliação e consultoria de gestão de marcas, as empresas brasileiras que têm maior valor de marca são a Petrobras, com R$ 9,24 bilhões, a AmBev, com R$ 6,68 bilhões, e o Banco do Brasil, com R$ 4,51 bilhões, dentre as 107 empresas que negociam suas ações na Bovespa. Este reconhecimento pode auxiliar e orientar investidores e analistas de mercados de capitais.

Para ajudar nas decisões e análises, o mercado apresenta inúmeros analistas de negócios e mercado, corretoras, sites de dicas, cotações e cursos. Existe ainda o home broker (sistema de negociações online de ações), empresas especializadas em avaliações e banco de investimentos, cálculos de retorno nos mais variados prazos e que fazem todo o processo “burocrático” para um potencial investidor. Estas informações devem ser levantadas para diminuir os riscos nas aplicações no mercado de ações.

As opções de investimentos aumentam de acordo com o crescimento e aquecimento do mercado, sendo interessante para o investidor diluir suas aplicações em investimentos imobiliários, fundos multimercados, que permitem operar ao mesmo tempo em câmbio, juros e ações da bolsa.

Portanto, estude e levante todos os dados econômicos, financeiros e sociais da empresa, do mercado e do país, observe o governo e suas políticas e, se ainda tiver dúvidas ou não se achar conhecedor e seguro suficiente para investir, procure empresas e bancos especializados. O que o investidor ou futuro investidor nunca deve esquecer é que independente de todas as prevenções e análises, o mercado acionário sempre corre riscos e sofre com imprevistos.

Diogo Teixeira é coordenador do Bacharelado em Administração do Centro Universitário Senac

E-mail: diogo.teixeira@sp.senac.br

Este artigo reflete as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram