Mercado

'É o nascimento de uma outra entidade'

Gestada dentro da Copersucar em 1997, a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) é resultado de uma espécie de fusão de outras duas entidades canavieiras. Uma representava o tradicional setor açucareiro – Associação das Indústrias de Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (AIAA) – e outra, as então recém-chegadas destilarias autônomas surgidas na era do Proalcool – Sociedade dos Produtores de Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (Sopral).

Naquele momento, conta Eduardo Carvalho, o primeiro executivo do mercado a presidir a Unica, o Proalcool já tinha declinado e as destilarias já incorporavam o açúcar ao seu portfólio. Com a dissolução da União Soviética, Cuba, sem subsídios, desaparecia do mapa global de açúcar, e o Brasil começava a emergir como exportador hegemônico da commodity.

Os interesses dos dois grupos, portanto, passaram a convergir, lembra Carvalho, e a Unica foi criada para representar politicamente essa nova classe. “A função principal da Unica é de representação política. É um setor que precisa de política pública. É da natureza da atividade”, diz.

Ele conta que a entidade só conseguiu ganhar essa força política depois que as contribuições para campanhas passaram a ser centralizadas na Unica, e não mais feitas diretamente pelas usinas. “Não sabíamos quem e como o setor apoiava politicamente. Essa mudança deu resultados nas eleições presidenciais para 2002”, recorda.

Nesse período, a entidade se convenceu de que era preciso ser atuante para viabilizar o carro-flex-fuel, obteve redução de ICMS para o etanol em São Paulo e entrou na briga contra os subsídios europeus ao açúcar na Organização Internacional do Comércio.

Em fevereiro de 2007, os americanos deixaram claro suas metas ambiciosas de etanol de milho, e aguçou o interesse de companhias por um etanol ainda mais competitivo, o de cana do Brasil.

O setor sucroalcooleiro no Brasil saiu do patamar de moagem de 300 milhões de toneladas para mais de 500 milhões, conta Carvalho. “E os antigos usineiros passaram a ter como seus companheiros empresas como Shell, BP, Petrobras, Bunge, ADM, Cargill, Louis Dreyfus…”.

A reunião de ontem do conselho da Unica, na visão de Carvalho, foi o marco do “enterro” de uma entidade para o nascimento de outra. “O que será dessa nova associação? Temos que esperar para ver”, resigna-se.

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