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Dúvida cruel: qual é o efetivo estoque de álcool nas usinas?

Pelo que se ouviu, ontem, não há solução para o dilema do preço do álcool. Os ministérios envolvidos na questão não conseguem saber a resposta de uma pergunta que poderia conduzir o problema para um lado ou para outro: qual é hoje, afinal, o nível de estoque dos produtores? Até agora, não há qualquer informação oficial do setor sobre este número. E tampouco existe alguém que possa obrigar os usineiros a revelá-lo. A Petrobrás, empresa de capital aberto, é obrigada a dar informações. As usinas, não.

Essa resposta – visto que quatro empresas de grande porte formam o preço – indicaria o rumo a ser tomado. Se por acaso os estoques atuais forem altos o suficiente para cobrir o período de entressafra, o caso tomaria um rumo certo: denúncia de formação de cartel. No caso, porém, de estoques realmente inexistentes, como o setor propaga aos quatro ventos, não há nada que o governo Lula possa fazer.

O fato, segundo um usineiro reconhecido, é que todos erraram nesta novela, e quem vai sentir no bolso é o consumidor. Erraram os usineiros porque, lá atrás, deveriam ter se precavido contra uma escassez do produto. É certo que não é obrigação empresarial fazê-lo, mas, com o histórico dos usineiros, seria de bom senso evitar maiores desgastes de imagem. Errou o governo por ter proposto um acordo dentro de um sistema de preços livres. E erraram novamente os usineiros ao aceitarem o acordo. A soma destes erros magnificou um problema que, na verdade, caso se comprove a falta de estoques físicos, é de mercado, conseqüência de uma situação econômica mundial. Os preços do petróleo rondam a lua; os do açúcar, idem. Não há regra que evite a opção pela produção do açúcar em detrimento do álcool. Como não há regra que evite, em um sistema de livre mercado, a escassez de produto.

Houve também, segundo essa mesma fonte, uma ajudazinha da ANP, que, na sua correta ânsia de moralizar o mercado, passou a exigir mistura de corante ao anidro. Os eternos fraudadores reduziram suas compras, pressionando ainda mais o preço do álcool misturado na gasolina. Se isso resultou em aumento de estoques, só os usineiros sabem.

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