JornalCana

Do vaporetto ao canavial

O EMPRESÁRIO JOÃO ZANgrandI, responsável por um dos maiores sucessos de vendas dos anos de 1990 no Brasil, o eletrodoméstico Vaporetto, deu mais uma tacada certeira. Em seu currículo corporativo constam histórias de um sucesso no mínimo curioso. Primeiro, ele fez fortuna ao convencer donas de casa do todo País que o aparelho que vendia, espécie de exterminador de sujeiras e bactérias, não era um luxo e sim uma necessidade. Faturou mais de R$ 100 milhões só em 1997. Depois, cismou que venderia máquinas de café expresso para residências e empresas. Mais uma vez deu tiro certo e a sua empresa, a Saeco do Brasil, fatura mais de R$ 70 milhões ao ano. Agora, Zangrandi quer tirar proveito de um setor que só acumula bons resultados no país: o agronegócio. Dono de uma empresa chamada Duraface, fabricante de implementos e peças de reposição para máquinas colhedoras de cana, ele se associou ao grupo asutraliano NQAF, um exconcorrente e líder de mercado.

Da fusão entre as duas companhias, nasceu uma joint venture de propriedade dividida com faturamento anual de US$ 200 milhões. O contrato foi assinado há duas semanas e a nova empresa ainda não tem nome definido. “Mas com certeza será a maior do mundo no seu setor”, comemora Zangrandi. Basicamente, a nova empresa de Zangrandi vai trabalhar em função de duas grandes marcas: Case New Holand, do Grupo Fiat, e a gigante americana John Deere. Juntas, essas empresas respondem por mais de 90% das colheitadeiras de cana vendidas no mundo – enquanto o Brasil possui 70% desse mercado. Segundo Zangrandi, com a expansão do setor, o mercado de cana mais que dobrou de tamanho nos últimos três anos e a demanda por peças de reposição cresceu junto. “Três anos atrás as grandes empresas construíam uma máquina por semana, hoje elas entregam três por dia”, compara.

Para que tudo saia conforme os planos do empresário serão necessários investimentos importantes. Uma nova fábrica será construída em Araçatuba, uma das regiões de São Paulo com maior expansão da cultura. “Serão investidos R$ 2 milhões nessa nova unidade, o que equivale a uma produção de peças de reposição para, aproximadamente, 400 mil toneladas de cana por ano”, afirma. Mas o empresário está de olho, mesmo, é na evolução da área mecanizada no Brasil. Tomando por base o Estado de São Paulo, maior pólo canavieiro do País, cerca de 47% da área colhida é mecanizada. “Essa é uma área que ainda possui muito mercado, então acredito que estamos posicionados no lugar certo, prontos para atender a uma demanda em crescimento”, avalia Zangrandi.

Para o empresário, o etanol brasileiro, feito à base de cana, tem grandes chances de se firmar como um combustível global de grande eficiência ecológica. “É diferente do milho americano porque não concorre com alimentos”, diz. Por isso, ele acredita que está no mercado certo, na hora certa. E para um empresário que por pouco não vende geladeiras para esquimós tudo é possível. O discurso, pelo menos está na ponta da língua. “Até criarmos essa empresa, havia muitos problemas para a importação de peças, e esse é o problema que queremos resolver”, sentencia. “Agora é trabalhar”.

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram