Usinas

Diretor revela estratégias das usinas de cana do grupo Clealco

Carvalho está no comando da diretoria comercial da Clealco desde março deste ano
Carvalho está no comando da diretoria comercial da Clealco desde março deste ano

Entre as apostas do Grupo Clealco, com três unidades sucroenergéticas no interior paulista, estão obter ganho de produtividade agrícola sem ampliar a área cultivada com cana-de-açúcar.

É o que revela Gabriel Carvalho, diretor comercial da Clealco Açúcar e Álcool S.A, entrevistado pelo Portal JornalCana durante o evento World Bio Markets Brasil, realizado na segunda-feira (30/11) e terça (01/12) na capital paulista.

Confira a entrevista a seguir. 

Como o sr. avalia os próximos anos para o setor sucroenergético?

Gabriel Carvalho – Haverá entre dois a três anos de preços bons. E as empresas que se prepararam para viver este novo ciclo e investiram, porque o importante é ter cana-de-açúcar para esse período. E tem quem não terá essa cana.

Explique mais, por favor.

Carvalho está no comando da diretoria comercial da Clealco desde março deste ano
Carvalho está no comando da diretoria comercial da Clealco desde março deste ano

Gabriel Carvalho – As empresas que não tiveram sofrimento com endividamento em função da desvalorização cambial terão próximos bons dois ou três anos pela frente. Mas temos que ser realistas porque o mercado é competitivo e o preço é bom para todo mundo. Então temos que ser mais eficientes para colher os frutos e viver o ciclo ruim, que irá vir. O mercado de commodities agrícolas é assim e temos que entender isso. Estou feliz com os próximos anos, mas não significa que estará tudo resolvido porque haverá preço bom.

Com as três unidades, a Clealco encerra a safra 2015/16 com a moagem projetada de 10,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar?

Gabriel Carvalho – 10,5 milhões de toneladas. Esta é a projeção.

Não ficará cana bisada?

Gabriel Carvalho – Sim, mesmo moendo 10,5 milhões de toneladas ficarão uns 5% bisados, algo em torno de 600 mil toneladas de cana.

A safra 15/16 foi mais alcooleira na Clealco?

Gabriel Carvalho – Não. O mix destinou 60% da moagem para açúcar. Dá 700 mil toneladas de açúcar. E 320 mil metros cúbicos de etanol.

Como estão as projeções para a safra 16/17? Além da cana bisada, qual deverá ser a oferta de matéria-prima para açúcar, etanol e bioeletricidade?

Gabriel Carvalho – Já estamos [no teto] da capacidade de moagem. Então em 2016 serão 10,5 milhões de toneladas de cana, mesmo volume estimado para a safra 2017/18.

Como fazer quando a capacidade está 100%?

Gabriel Carvalho – A ideia não é expandir, mas ganhar eficiência. Ganhamos muita eficiência agrícola na 15/16. O ganho em tonelada de cana por hectare cresceu quase 30% ante a temporada anterior.

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Gabriel Carvalho – Esse crescimento é uma combinação de várias coisas. O grande fator é o clima. Viemos do pior clima da história para o melhor da história, de um ano para o outro. E toda essa cana sobrando vem dessa combinação de não poder moer, mas com um rendimento agrícola muito acima de qualquer projeção quando iniciamos a safra.

Em recente leilão de venda de energia elétrica (A-3, com entrega em três anos), a Clealco comercializou o megawatt-hora (MWh) a R$ 225. É um valor bem abaixo dos R$ 800 a que chegou o valor de referência no mercado spot no auge da cotação em 2014.

Gabriel Carvalho – [Os R$ 225] é um valor que remunera o projeto, que emprega só bagaço de cana-de-açúcar. Depois desse projeto, a Clealco vai ficar perto da média de mercado de geração de energia por tonelada de cana. Ou seja, a gente está bem abaixo do mercado. Só estamos colocando a empresa perto da média de mercado.

O emprego da palha da cana para cogeração está em fase de teste?

Gabriel Carvalho – Hoje estudamos qual será a melhor maneira de aproveitar a palha. Ela tem benefícios e malefícios. Um ponto a ser olhado é o desafio do transporte e o uso da palha tanto pode ser para fazer energia como fazer etanol 2G. Há 1.001 coisas que podem ser feitas com essa palha e não definimos ainda qual o modelo a ser investido.

A cana empregada pelas unidades da Clealco é 100% da companhia?

Gabriel Carvalho – Não, 50% são da Clealco e 50% de parceiros.

A quem pertence a Clealco?

Gabriel Carvalho – A uma associação de produtores de cana desde o Programa Nacional de Álcool (Proálcool),em 1980. Não existe um grupo controlador. É uma associação, com conselho de administração.

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Quem é Gabriel Carvalho

Ele assumiu a diretoria comercial do Grupo Clealco em março de 2015.

Gabriel, até março deste ano, ocupava o posto de diretor comercial da divisão açúcar e bioenergia da Bunge. Antes, teve passagem pela Cargill. Com experiência de mais de 10 anos no setor sucroenergético, e em multinacionais, é considerado referência no mercado.

Formado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas, e especialista em agronegócios pelo Insper, o diretor chega ao Grupo Clealco com a missão de tornar o setor comercial da Empresa ainda mais estratégico, com o foco na implementação de uma cadeia de logística mais eficiente e no desenvolvimento de parceiros. (Com informações do Grupo Clealco)

Assista um trecho da entrevista: