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Diminui número de fornecedores particulares em Pernambuco

A cana-de-açúcar cultivada em Pernambuco pertence cada vez mais às fábricas de açúcar e de álcool. Até a crise que abateu o setor em 1997, por conta de seca, a matéria-prima processada pelas unidades era 70% dos produtores particulares e 30% das usinas. Hoje, o quadro é o inverso, em que 70% da cana está em áreas das próprias fábricas. “Vivemos uma reforma agrária ao contrário”, avalia Frederico Pessoa de Queiroz, vice-presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco, em entrevista exclusiva ao Canaweb.

Canaweb – A seca de 1997 foi responsável pelo desestímulo do fornecedor particular?

Queiroz – Na Zona Norte do estado, a quebradeira foi geral. O setor só não extinguiu-se de vez por conta aos programas de recuperação de canaviais – o Prore-No e o Prore-Su, para a Zona Sul – incrementados pelo governador – reeleito – Jarbas Vasconcellos. Em três anos, foi prossível retomar 24 mil hectares de canaviais nessas duas Zonas.

Canaweb – O preço considerado remunerador não tem atraído o fornecedor?

Queiroz – A remuneração colabora com a recuperação do setor. Aqui em Pernambuco utilizamos os mesmos critérios do Consecana – sistema aplicado na Região Centro-Sul que remunera pelo Açúcares Totais Renováveis, ou ATR. Em setembro, a tonelada da cana padrão valia R$ 31,70 e, para outubro, esperamos chegar a R$ 38.

Canaweb – Qual o volume de cana a ser processada pelos fornecedores particulares na atual safra 2002-2003?

Queiroz – Cerca de 6 milhões das 15,5 milhões de toneladas que o estado deverá ter para moagem no atual ciclo. Mas é preciso lembrar que, nos bons tempos, os particulares já chegaram a uma moagem de 15 milhões de toneladas.

Canaweb – Trace um perfil do setor particular de fornecedores

Queiroz – São cerca de sete mil fornecedores em Pernambuco, a maioria está concentrada na região Sul, onde estão as maiores usinas. Cerca de 80% dos produtores são peuqneos e médios, com até 1 mil toneladas de cana plantada e média de 50 toneladas colhidas por hectare. Dez por cento do total têm até cinco mil toneladas cultivadas e os 10% restantes estão acima de cinco mil toneladas. Bom lembrar que a maioria dos pequenos é formada por agricultura familiar.

Canaweb – Qual a estratégia para garantir a sobrevivência do pequeno produtor?

Queiroz – Batalhamos junto ao governo federal para introduzir uma agência reguladora, mas não nos moldes do antigo Instututo do Açúcar e do Álcool – IAA. Seria uma agência específica, não para intervir no setor, mas para ajudar na coordenação.

Canaweb – O sr. acredita que, com Lula na Presidência, ficará mais fácil introduzir essa agência?

Queiroz – Acreditamos que sim.

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