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Diesel mais caro afeta o custo de transporte

O custo anual do diesel no transporte rodoviário de cargas poderá crescer em aproximadamente R$ 3,23 bilhões caso o preço do combustível chegue ao mercado dentro da previsão realizada pela Global Invest e pelo Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), de elevação de 10% na bomba. O aumento de custo será resultado do reajuste de 12% praticado pela Petrobras nas refinarias, na última sexta-feira, e leva em conta a base de consumo das transportadoras de cargas em 2004, que segundo o Instituto de Pós-Graduação em Administração (Coppead) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) foi de 21,7 bilhões de litros, o equivalente a R$ 32,3 bilhões.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Transportadores de Cargas (ABTC), Newton Gibson, as transportadoras não conseguem absorver o aumento do preço do diesel e deverão repassar os custos para os clientes. Segundo ele, as empresas de transporte e os transportadores autônomos operam com margens apertadas e correm o risco de quebrar se não promoverem repasses com aumento de custos.

O transporte rodoviário de carga fechada (transporte exclusivo para um embarcador) pode ser o primeiro a repassar o reajuste para o frete, com aumento de aproximadamente 6%. Segundo o assessor técnico da Associação Nacional dos Transportadores de Carga e Logística (NTC Logística), Neuto Gonçalves dos Reis, o segmento de carga fechada já absorve uma defasagem de 3% no preço do frete, relativa ao aumento de custos como recapagem de pneus, seguros contra roubo e manutenção dos caminhões.

O combustível é responsável neste segmento por 30% do custo do frete. Como a defasagem do frete era considerada pequena, não havíamos sugerido o repasse dos preços. Isso só ocorreria com o reajuste do diesel, o que representaria mais custo para as transportadoras – diz o técnico da NTC Logística.

Maior impacto

O transporte inter-regional de carga geral deverá sofrer o maior impacto, por operar com cargas de baixo valor agregado e pela longa distância percorrida, o que aumenta o peso do combustível no frete. Cálculos apontam que o diesel representa 41,8% do custo do transporte na modalidade, ou seja, o reajuste do diesel poderá aumentar em 4,18% o custo do frete.

A NTC Logística sugeriu recentemente o aumento de 5,2% do preço do frete do transporte de carga fracionada (modelo que reúne em um caminhão produtos de diversas empresas). Segundo a NTC Logística, o percentual corresponde à alta dos custos apontados pelo INPC entre fevereiro e agosto deste ano, como despesas administrativas e terminais (7,72%), recapagem de pneus (4,51%), seguros (4,19%) e manutenção (1,42%).

A defasagem de preços do transporte de carga fracionada foi zerada com o reajuste sugerido em agosto. Acredito que um possível aumento do diesel não afetará este segmento específico, que tem custos mais amplos. O combustível acaba diluído nos gastos – diz Gonçalves dos Reis.

Estima-se que o diesel responda por 1,5% dos custos do transporte fracionado. Caso o combustível chegue às bombas dentro do aumento projetado pelos analistas, o custo do frete no segmento crescerá em torno de 0,15%.

Para o diretor de vendas da Rapidão Cometa, Edward Montarroyos, no entanto, poderá haver aumento de preço do frete fracionado. Antes do anúncio do reajuste da Petrobras, ele explicou que o repasse poderia ser imediato – dependendo do percentual de reajuste – ou acumulado até março de 2006, quando a empresa realiza a avaliação de seus custos.

Dois reajustes anuais

Segundo Montarroyos, a política da empresa é realizar dois reajustes por ano: em março e setembro. Ele conta que iniciou neste mês as negociações sobre o reajuste de 5,2% sugerido pela NTC Logística. “Ainda estamos cautelosos e avaliando a aceitação do mercado. Nosso aumento, no entanto, deverá ser um pouco menor do que o sugerido pela entidade, porque já promovemos reajuste do frete em março”, diz.

No setor de transporte de cargas existe um elevado número de empresas deficitárias, com baixa produtividade, resultado potencializado pelas péssimas condições da infra-estrutura rodoviária. Segundo dados da Confederação Nacional de Transportes (CNT), 22% das empresas de transporte apresentaram prejuízo no último ano, e 78% delas apresentaram baixíssimo lucro. Por conta disso, os preços do frete deverão aumentar.

Segundo recente levantamento da Coppead, o modal rodoviário de carga responde por 59,2% da matriz de transporte brasileira e 55% do consumo de diesel no País, o que aponta o impacto que o reajuste terá na inflação. Outros setores que sofrerão impacto (responsáveis pelos demais 45% do consumo) são agroindústria, navegação e pesca, transporte ferroviário, rodoviário de passageiros e as próprias indústrias.

A carga fracionada fechou maio deste ano com aumento de 20,67% no faturamento nominal, em comparação a igual mês do ano passado. A tonelagem média transportada cresceu 13,23%, enquanto o numero de despachos aumentou 10,83%. Já a movimentação de lotações, em maio deste ano, apresentou crescimento de 11,69% no faturamento, em comparação ao mesmo mês de 2004. O faturamento por tonelada cresceu 10,83% na mesma comparação, mas ficou abaixo do aumento dos custos do transporte.

Contra alta do dólar, UE usa biocombustível

A União Européia (UE) deve aumentar o uso de biocombustíveis, à medida que cresce a preocupação em relação à alta do petróleo e às alterações climáticas, afirmou neste domingo uma autoridade do bloco. A comissária de Agricultura da UE, Mariann Fischer Boel, afirmou que a Comissão Européia desenvolverá um “plano de ação” até o fim de 2005, para propor maneiras para aumentar o uso de fontes alternativas de energia.

Novas políticas “ambiciosas” para o setor podem ser implementadas no ano que vem. Podemos reduzir a nossa dependência de importados e contribuir para os objetivos de Kyoto, ao mesmo tempo em que oferecemos aos produtores rurais novas oportunidades – declarou Mariann Boel, após uma reunião dos ministros de Agricultura e Meio Ambiente da União Européia.

O Protocolo de Kyoto, assinado pelos países-membros do bloco, é um acordo internacional que obriga os países a limitar a emissão de gases poluidores e, assim, segundo cientistas, evitar o aquecimento global. Mariann Boel disse que dados da UE mostram que o uso da biomassa no bloco de 25 países aumentou do equivalente a 46,8 milhões de toneladas métricas de petróleo em 1993 para 68,8 milhões em 2003. Lenha para cozinhar é o exemplo mais antigo de uso da biomassa. O álcool e o gás natural também são formas de biomassa.

O comissário de Meio Ambiente do bloco, Stavros Dimas, disse que a alta do petróleo pode vir a ser suficiente para aumentar a demanda pelos combustíveis ecológicos. “Com os preços do petróleo subindo e subindo, talvez nem sejam necessários incentivos fiscais e outros benefícios”, afirmou.

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